quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Rasgar Páginas

Li há uns dias, por aí, que nem sempre convém virarmos a página, às vezes é preciso rasgá-la. Hoje, ao passear-me pelo que era a minha vida há um ano atrás, percebi que rasgar aquela página foi o que me fez ser capaz de escrever novas. Em 2011 deixei a demência para trás, os pensamentos desconexos, os olhares vazios, o mau humor desmedido. E, ainda assim, sei que não vou realizar os 12 desejos que mantenho guardados, como aconteceu em 2010. E, ainda assim, sei que 2011 foi 2011 vezes mais feliz. É isso, ando a pedir os desejos errados e a página deste ano não vai ser rasgada, vou virá-la muito suavemente. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

natal

Tem muito de mágico, o natal. e de doce, e de inesquecivel. tem algo que nos faz esperar por ele, sonhar com ele, pensar nele, todo o ano. natal tem sabor a canela, a açúcar derretido. tem cheiro de rabanadas, de lenha queimada na lareira. natal tem sabor a frio e aspecto de sol. São mensagens de quem não achávamos que se lembrasse, músicas que não conseguimos deixar de trautear, sonhos que queremos muito realizar. é o coração apertadinho, pequeno e a sensação de que vai explodir a qualquer momento. São pantufas, mantinhas e o calor que sentimos cá dentro. natal são gargalhadas efusivas, são noites prolongadas e luzes com um estranho efeito sobre nós. são bolas encarnadas, árvores de natal de todas as cores e desenhos animados na televisão. passa a correr, o natal. sabe a pouco e faz-nos esquecer, por momentos, o mundo que trazemos nas costas e que nos pesa no coração. tem muito de mágico, o natal. de mágico e inexplicável.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Livros

Deviam guardar vidas em livros, armazena-las em colecções, guarda-las para sempre, infinitamente, numa biblioteca de vários andares, enormes escadas em caracol. Deviam ter capas duras, os livros, com mais ou menos páginas e sem títulos. Detesto títulos. Deviam guardar vidas em livros, entre palavras, imagens, histórias e pessoas. E assim, quando um capítulo chegasse ao fim, podíamos ler e reler e voltar a ler vezes sem conta. Quando a saudade apertasse podíamos matá-la nas historias, tocar as páginas até ficarem gastas. Deviam ter cheiros, também, os livros. E recortes e marcas de batom e pétalas de flores. As vidas deviam ser guardadas em livros. Não em filmes, em livros, como se fossem pedacinhos de almas guardados e empoeirados pela eternidade. E assim, quando nos esquecessemos de como é ser-se feliz subíamos a escada em caracol, procurávamos a nossa vida entre a da Ana, a da Bianca, a da Catarina, a da Diana e a do Zé, sacudíamos o pó e... Deviam guardar vidas em livros... 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Spring******

Sempre foi mais do que era suposto ser. Sempre me deu mais do que era suposto dar, me ensinou mais do que era suposto ensinar, me fez mais feliz do que seria suposto fazer.
 E agora...custa mais do que era suposto custar*


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Rua

Lá estava ele, em frente a ela, parado na rua. sorriu-lhe e tudo voltou. Sentia a cabeça confusa, o estomago apertado, as pernas fracas e o coração a bater ora forte ora lento. Na falta de palavras, devolveu-lhe o sorriso. Depois de tanto tempo a tentar empurrá-lo de todas as entranhas, ele ali estava. Disse-lhe olá e ofereceu-lhe um aperto de mão que lhe arrepiou a nuca. Durante alguns minutos, ali, no meio da rua movimentada voltaram a ser só ele, ela e o fosso que ele ainda trazia no anelar da mão esquerda.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Das Saudades

Há dias, alguém muito importante disse-me que há saudades que já não podemos matar. Li e reli vezes sem conta aquela frase: "há saudades que já não podemos matar". Não, não podemos, não conseguimos. Deixamos, muitas vezes que nos matem, que nos façam menos nós, que nos mudem. Devia ter chovido ontem, devia ter chovido como acontece quase sempre. O céu devia ter deixado cair saudades em forma de pingos de chuva porque assim é que tem que ser. E, no entanto, isso, do dia das saudades é uma treta, uma maneira de muitos parecerem o que não são, de fingirem amar quem nunca amaram, de dizerem sentir falta de quem nunca conheceram verdadeiramente, de deixarem cair lágrimas secas por quem nunca ofereceram um sorriso, de dizerem sentir um vazio quando estão cheias de si mesmas. É assim que eu penso, é assim que prefiro pensar porque assim não as vejo lá, não penso naquelas saudades que nunca mais vou matar. Tenho saudades da voz, dos peixinhos, da cara macia que eu gostava de dar beijinhos, da casa que eu percorria a correr quando chegava da escola, das bonecas de pano, dos aventais pequeninos. Tenho saudades dos penteados que me deixava fazer, com flores, dos dias que passávamos juntas, dos ramos que me fazia para oferecer às amigas nos anos, de nos encostarmos ao fogão a lenha, lado a lado, para nos aquecermos no Inverno, da voz, sobretudo da voz. Sim, é de matar as saudades que tenho saudades, e por isso, ontem fui lá vê-las rapidamente, como quem dá um beijo e vem embora a correr antes que o mundo desabe pela face. E sim, tens razão, há saudades que já não podemos matar. Eu prefiro pensar só nas que ainda posso esmagar entre os braços. Dói menos, morro menos, sinto menos.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Pergunto-me, às vezes, se algum dia serei plenamente normal, comum. O normal culto, serio, interessante, cativante. Pergunto-me, outras tantas, se esta loucura que trago algum dia vai sumir, desaparecer, dar lugar a um eu de olhar carrancudo, voz de respeito, de postura muito direita e lábios selados. Nem sempre me acho boa pessoa. Nem sempre me sinto melhor. Às vezes, confesso, penso como seria se fosse mais como a Ana, como a Teresa, como a Maria, como elas. Calada, parada, focada. Pergunto-me, não poucas vezes, se será normal esta loucura, se será normal ter consciência dela e deixa-la existir. Se não risse demasiado, se não brincasse demasiado, se não exteriorizasse demasiado, se não falasse demasiado. Devia mudar a maneira de pensar, também. Ser mais como a Ana, a Teresa, a Maria. Deixar o que gosto de lado. O que importa, afinal, o que gosto quando posso ter o que quero. Ser mais como elas.
Há alturas, também, em que penso que esta loucura é o que me dá a sanidade. Que é por rir demasiado que encaro os problemas com olhos diferentes. Que é por brincar demasiado que me esqueço que nem sempre me apetece rir, que é por exteriorizar demasiado umas coisas que consigo guardar outras só para mim, que é por falar demasiado que me sinto, quase sempre, leve.
E depois volto a perguntar-me se algum dia serei plenamente normal, se algum dia serei como a Ana, a Teresa, a Maria, se algum dia terei a sorte que elas têm. Volto a perguntar-me se algum dia serei como elas. É que mesmo que eu lute mais e encare melhor os problemas com a minha loucura, ela não me serve de nada  se a Ana, a Teresa e a Maria conseguirem tudo e eu não. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Sempre tive muita imaginação II: A Profissão

"Eu quando crescer quero ser farmacêutica, porque eu gosto muito de mexer nos remédios, embora não mexa. Desde pequena que eu quero ser farmacêutica, eu adoro essa profissão. Desde pequena que eu quero ser farmacêutica mas também já pensei noutras profissões, mas não gosto de nenhuma delas, só esta. Gosto de estar ao balcão a aviar os clientes."

Elsa Sofia, 1997

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sempre tive muita imaginação: "o que pensas da televisão?"

"A televisão é um meio de comunicação que as pessoas gostam de estar a comer um saco de pipocas e a ver. Eu acho que a televisão é boa para toda a gente, só que ela tem um defeito: às vezes as pessoas querem sair de casa e não podem porque vai dar alguma coisa que elas não podem perder como por exemplo: a telenovela, o Agora ou Nunca, etc.
Quando a televisão não existia as pessoas no fim de jantar iam ao cinema, ao teatro, à praia dar uma volta mas agora as pessoas preferem ficar em casa a ver televisão em vez de fazer essas coisas todas.
É isso que eu acho da televisão"

Elsa Sofia, 1997

terça-feira, 11 de outubro de 2011

João

Saiu de casa cedo, o João. Atrasado, como de costume, não disse bom dia, não leu o jornal, não tomou o pequeno-almoço. Saiu a correr, um monte de papéis atafulhados no braço esquerdo, o telemóvel, as chaves do carro, de casa, a pasta com o portátil no braço direito. Era assim todos os dias: não ouvia o despertador tocar, não se conseguia levantar, saia a correr. Tinha adrenalina nas veias, queria fazer tudo intensamente, rapidamente, perfeitamente. À noite voltava com as olheiras escondidas nos óculos de massa, uma pilha de papéis ainda maior debaixo do braço esquerdo, o telemóvel, as chaves do carro, de casa e a pasta do portátil no braço direito. Não conseguia dormir. Passava horas a olhar o tecto, a pensar, tentava manter os olhos abertos o máximo tempo possível na esperança de conseguir o efeito contrario. Era adrenalina a mais, trabalho a mais, pensamento a mais. Nada à volta estava preenchido. A cozinha tinha um ou dois armários que nem costumava usar, na sala pairava um único sofá, dos anos 80, completamente rasgado e cheio de papéis e a cama tinha ainda um lugar vago. "Quando é que te casas e tomas juízo, rapaz", dizia-lhe a mãe, de vez em quando. Não se importava, sabia que a mãe não ia entender que era feliz assim, que só queria conseguir dormir para não sair de casa atrasado. Para ter coragem de dizer bom dia sempre que se cruzava com Ela no vão de escadas do primeiro andar para, quem sabe, ter tempo de a convidar para o pequeno-almoço.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sinto o cheiro suave a morango. A vela perfumada delicadamente colocada na cabeceira emana uma luz quente que me mantem acordada. De todas as pessoas, sou a que mais difere de mim.  Não sou como os outros, nunca fui. E hoje tenho dúvidas que ainda seja como era. Sou diferente de mim, vejo com os mesmo olhos, mas com um olhar diferente, penso com a mesma cabeça mas de forma mais complicada, não sinto como antes, não falo como antes, não penso no que era antes. O cheiro suave invade-me os sentidos, uma mão cheia de recordações percorre a minha mente e não sou capaz de ignorar o que já fui e que não sou. Só por hoje, enquanto a luz permanecer quente, enquanto houver perfume de morango, vou recostar-me na almofada e deixar que a nostalgia me leve para onde nunca vou voltar. Só por hoje.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Quem me dera entender todas as coisas do mundo, saber todas as coisas do mundo, pensar todas as coisas do mundo, ver todas as coisas do mundo. Quem me dera não sentir todas as coisas do mundo.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Saímos de casa depois das dez. De cor de rosa, as duas, o meu mais escuro que o teu. Enchemos o carro de vozes estridentes, de cantorias contagiantes. O Pai queixava-se da música, diminuía o volume e ria-se. A mãe olhava para trás, trauteava e batia com a mão na janela, levemente, ao ritmo da música. Estacionamos não muito longe da praia, andamos a pé à beira mar. Eu, de cor de rosa forte, sem casaco, agarrada ao braço do pai vestia o ar mais convincente do mundo e afirmava não ter frio mesmo quando a minha pele se arrepiava. Tu, de cor de rosa claro, agarrada ao braço da mãe, levavas casaco e gozavas com as minhas sandálias. As sandálias que não usas porque achas feias. 
Andamos mais e mais e mais. Deram-me um balão verde, tiveste um também e continuamos a andar. Eu já não sentia frio, tu já não troçavas das minhas sandálias e íamos os quatro. Eu atropelava palavras enquanto contava o meu dia, tu contavas o teu, o pai falava da camisola nova que lhe ficava mesmo, mesmo bem e a mãe largava fortes gargalhadas e dizia o quanto gostava destes passeios.
Fiz birra, disse que me doíam os pés, que queria ir embora. Tu insistias que tinhas fome. A mãe não queria ir para casa. O pai oferecia-se para ir buscar o carro. Parámos num café, compramos uma coisita para comer e continuamos a andar. Devagarinho, porque me doíam os pés, mas continuamos, a comer, a rir, a andar.
Adormeci no carro sem largar o balão verde e quando chegamos riste-te para mim e apontaste para o balão. O meu tinha murchado, o teu continuava maravilhoso. Eu tinha 23, tu estavas quase a fazer 18.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Não resisto,

é que andam à minha procura no google escrevendo "coisasdaelsa.blogspot.com"Pois, realmente, as coisitas são minhas mas o endereço é o meu nome. É simples, não compliquem ;)

Excelentissimo leitor que me pesquisou desta maneira, fico muito contente que cá tenha chegado e faço votos de que volte mais vezes.

Atenciosamente,
Elsa*

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

04 de Agosto de 2011

Muitos autocarros passaram por mim. Atrasados, apressados, apinhados. Sentei-me em muitas paragens, também. Muitas, inúmeras, demasiadas.  E naquela nunca mais. E nunca mais esqueci. Vi dias nascerem vazios, vi noites chegarem tristes. Vi-me cinzenta, cor de rosa. Vi-te pálida, brilhante. Lembrei-me  muitas vezes de nós, sentadas naquela paragem, à espera, estáticas, imóveis. À espera do autocarro que teimava em se atrasar. E os dias voltavam chuvosos e as noites brotavam frias. Já quase esquecia o sabor doce da lima, já quase ignoravas o calor sufocante do sol. Já não havia ninguém a confirmar a hora do autocarro, já todos tinham encontrado o seu. E, ali, éramos só eu, tu e a esperança de que o nosso chegasse, que nos levasse dali, para bem longe. Já tínhamos voltado as costas à paragem, ao horário, ao autocarro quando o teu chegou. Entraste, subiste dois degraus e eu disse que te adorava. Não respondeste, a porta fechou-se e o autocarro arrancou. Eu fiquei ali, estática, sem conseguir mover-me, a ver-te partir. O autocarro parou mais à frente. Tu saíste, correste para mim, agarraste a minha mão e levaste-me na viagem contigo. Não andamos muito, não fomos muito longe mas saímos dali. E, se calhar, o mais importante não são os quilómetros que percorremos, se calhar o mais reconfortante é conseguirmos sair do lugar.
"A quem me agarra sempre"


sábado, 23 de julho de 2011

Inês

Tinha Inês escrito no crachá, religiosamente colocado no lado esquerdo do peito. Inês, escrito a tinta azul, clara, a desaparecer. Guardava uma chave pequenina junto ao crachá, tão pequenina que só era perceptível através dos movimentos que ia fazendo enquanto limpava a prateleira.
- É a chave do seu coração, Inês?
Devolveu-lhe um sorriso.
- Não, essa não sei onde anda. Atirei-a ao mar para que ninguém a encontre.
O homem, de cabelo grisalho e rugas a desenharem-lhe o contorno dos olhos, aproximou-se.
-Sabe Inês, o mar devolve tudo o que não lhe pertence.
- Eu não a quero de volta.
- Não se preocupe, Inês. Não é a si que o mar vai entregar a chave. Não é a si.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Maçã e Canela

Ainda sinto o sabor a maçã e canela quando passo os dedos nos lábios. Ainda sinto o cheiro a mar, a liberdade, a manjerico quando fecho os olhos. Ainda vejo Avenidas enormes a rebentar de gente e  luzes a cintilar quando adormeço. Ainda oiço sons, músicas, vozes quando me perco no banho. Ainda sou o que era quando me sabias a maçã e canela. Ainda sou o que era quando me trazias os teus segredos ao olfacto. Ainda sou o que era naqueles momentos, não o que era antes, não os cacos, os pedacinhos, não o que era antes. Ainda sou o que era naqueles momentos em que, aos poucos, sem eu dar conta, me ias colando, reconstruindo, trazendo à vida. E quando, num futuro próximo, os meus pedaços já não aguentarem a ideia de continuar juntos eu vou voltar a correr para o cheiro a mar, para as luzes e a confusão de gente e tu vais mostrar-me, mais uma vez, que não importa a cidade em que estamos, o que nos cola são as pessoas.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Vai embora, vai p'ra casa, pequeno.
dizia-lhe eu.
Ele continuava. Seguia-me com o ar mais feliz do mundo.
Olhei-o com atenção: a pele a tocar no osso, as costelinhas a notar-se...
Ali eu soube.
O Pequeno não ía para casa, porque, simplesmente, não tinha para onde ir.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Não percebo nada destas coisas,


mas ela é sempre um doce :)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Há dez anos tinha 12. Há dez anos caiu a ponte em entre-os-rios. Há dez anos o world trade center sofreu um atentado. Há dez anos brincavas comigo. Há dez anos estavas nos almoços de domingo. Há dez anos era tão nova. Há dez anos eu não percebi. Há dez anos conheci a legionela. Há dez anos foste com ela. Há dez anos era dia de Páscoa. Há dez anos não a passei contigo. Há dez anos dormi fora de casa. Há dez anos não consegui dormir. Há dez anos vi-te ir embora por aquele portão. Há dez anos não chorei em frente a ninguém. Há dez anos não acreditei. Há dez anos que penso como seria se ainda estivesses aqui. Há dez anos que guardo as tuas coisas. Há dez anos que tenho aquele pijama. Há dez anos que olho a tua fotografia. Há dez anos que sinto tantas saudades tuas. Há dez anos que deixaste um vazio. Há dez anos que guardo a tua voz. Há dez anos que me faço de forte. Há dez anos que sou egoísta e sinto que, em 2001, entre-os-rios não foi o mais importante. Há dez anos que sou egoísta e  sinto que, em 2001, houve pior que o ataque ao world trade center. Há dez anos que não percebo. Há dez anos que falo de ti, escrevo sobre ti, sonho contigo. Há dez anos que não acredito. Há dez anos que a voz me falha. Há dez anos que penso nas coisas que não te disse. Há dez anos que aquela não pareces tu. Há dez anos que sinto que foi ontem.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Escrevo aqui mais para mim do que para os outros. Escrevo aqui porque me faz bem, porque digo o que não costumo dizer, porque sou aquilo que quiser ser, porque me dá uma enorme sensação de leveza, porque sim. Mas escrever aqui assusta-me, às vezes, só por alguns segundos. Assusta-me e deixa-me curiosa. Assusta-me que me googlem, que pesquisem o meu nome, especificamente o meu, o dos meus amigos, que pesquisem frases minhas, que venham cá ter porque "Elsa carvalho Trofa" sou eu, porque "Elsa refugio Trofa" sou eu. Assusta-me que saibam de mim e não me deixem saber deles, quem são eles. Por breves momentos assusta-me. Fica a curiosidade depois, a vontade de saber porque é que 10 pessoas de Brooklyn passam aqui vários minutos. Eu não conheço ninguém em Brooklyn, não conheço ninguém em São Paulo, em Madrid, em Milão, em Paris, em Toronto, em Atlanta, em Londres... E pergunto-me como terão vindo cá parar, pergunto-me porque cá ficaram tanto tempo. E imagino como são, o que pensam, como vivem, de quem gostam. E percebo que, mesmo escrevendo mais para mim do que para os outros, são os outros que passam cá mais tempo que eu.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Goal 1

HAVE GOALS

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Coisas que eu me lembro

Portugal é, cada vez mais, um exemplo de que ser bonito não é suficiente para se chegar a algum lado!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Be late

Raramente me atraso. Chego antes da hora, em cima da hora, mas raramente me atraso. Não gosto que esperem por mim, não gosto de chegar tarde, não gosto de me atrasar. Acho indelicado, mas prefiro ser eu a esperar, prefiro ser eu o alvo da indelicadeza. A vida que eu quero está atrasada e eu começo a fartar-me de a esperar. Tento correr atrás dela, marcar novos encontros, a horas diferentes, em dias distantes. Foge-me, atrasa-se e brinca comigo. A culpa é dos sonhos. Esses sim chegam sempre antes da hora. Entram de mansinho e quando dou por mim já caminhamos lado a lado na calçada, todos os dias, sem  marcação prévia. Raramente nos encontramos, os três. Devem andar de costas voltadas ultimamente, é a única razão. Eu é que não gosto dessa razão. Um dia destes vou esbarrar-me com a vida, por acidente, no meio da rua e vou amarra-la ao meu braço. Não vai ser difícil encontrar os sonhos. Fecho os olhos e puff ficam presos a mim, para sempre. Aí, vou leva-los comigo, vou deixar-me levar...E não vai haver espaço para mais atrasos.

Obrigada SOL, não te esqueceste de mim*

quarta-feira, 30 de março de 2011

Agora,

não quero saber as notícias do dia, não me apetece gostar de ouvir novidades na politica, não suporto a programação na televisão. Agora sou só eu, o meu pijama quentinho, o cobertor vermelho, chasing cars, series sem fim e isto na cabeça:

"Não consigo ser má. Pelo menos de uma forma planeada, fria, calculada. As pessoas pensam que é uma qualidade, não percebem que é uma fraqueza."

Amanhã não te esqueças de mim, 
SOL*

terça-feira, 22 de março de 2011

O que eu gostava mesmo, mesmo

era abril o mail aqui do bloguinho e encontrar alguma coisita que não fosse spam. Não sei, achava giro :)

sábado, 19 de março de 2011

Desfoque!




Descubro-me desde que me lembro. Desenho-me mal, descrevo-me subjectivamente, desconfio das minhas qualidades. Desmaio sempre que torço o pé. Destruo  tudo o que está arrumado na despensa. Sou só eu que sou desastradadespassarada, desleixada, desatenta... Comigo, é desgraça atrás de desgraça, desastre atrás de desastre. Já tentei despertar a destreza que há em mim, já desejei fazer tudo direitinho mas acabo sempre por desviar-me do bom caminho e tropeçar em alguma coisa. Organizo-me na minha desorganização, alinho-me no meu desalinhamento e sei ser destemida, despreocupada,desenrascada.
Sei ser desvairadadescarada, desbocada, descabida, às vezes, sei lutar desalmadamente por um objectivo. Ainda não sei desamparar, não consigo ser desumana, não me apetece desistirDesculpa destino mas não vou ficar descansada a ver-te passar, eu sou pessoa para me desenrascar!

sexta-feira, 18 de março de 2011

Esqueçam...

tudo o que eu disse. Ainda há quem dê valor a quem se esforça.

She always gave me my hope back.
Especially when she's going.

quarta-feira, 16 de março de 2011

2006-2009

Às vezes tenho saudades da Faculdade. Não das aulas que ia ou das que faltava para me enfiar no mundo paralelo da qual fazia parte, mas da Faculdade. Dos corredores apertados onde toda a gente se esbarrava, se conhecia, dos bons dias efusivos. Às vezes tenho saudades de pessoas de quem nunca fui próxima mas que davam vida àquele pequeno edifico, tenho saudades de ir a correr para a estação e chegar sempre em cima da hora do comboio, de adormecer na viagem, de chegar molhada à faculdade sempre que chovia, de me levantar as 6 e chegar a casa às 23. Da JPR, de trabalhar para lá, dos lanches Jprianos na sala de convívio, que mudou de sitio duas vezes em três anos, dos almoços, das conversas, das gravações nos estúdios de rádio...


Hoje perguntaram-me se já tinha acabado o curso - "Sim, em 2009". Desencadeou-se um emaranhado de lembranças, perguntas, pessoas, pensamentos que nem fui capaz de ordenar. Percebi que o que mais tenho saudades é daquilo que acreditava na Faculdade. De achar que, apesar da crise, quando acabasse o curso tudo ia ficar bem e que iria haver lugar para nós, simples estudantes apaixonados pela profissão dos nossos sonhos. De acreditar que se nos esforçássemos muito alguém iria ver que tínhamos valor.

É mentira. É a maior das mentiras. Ser jornalista é uma porcaria. Ninguém trata bem um jornalista, a não ser que precise dele, e quando deixar de precisar... Ninguém leva a sério um jornalista. Ninguém acha que um jornalista é de confiança, qualquer um pode ser jornalista se conhecer a pessoa certa mas quem dava um pedacinho do corpo para exercer a profissão, com qualidade, não conhece ninguém. Jornalista é, geralmente, mal pago e trabalha que nem louco. Resumindo: Ser Jornalista é uma porcaria e eu permaneço apaixona por esta profissão, que  vai ser, sempre, dos meus sonhos. Gente maluca!

sábado, 12 de março de 2011

5

Os meus olhos acabaram de passar pelos anos que se vão acumulando, aqui, na barra lateral desde que, numa aula de online algures na faculdade, fui obrigada a criar um blog. Fiquei curiosa, fui ver a data do primeiro post: 12 de Março de 2007. Prefiro acreditar que não foi coincidência.

sábado, 5 de março de 2011

Sintra

Sintra é tudo o que pensei que fosse e é, ao mesmo tempo, muito mais. É o coração a bater apressado cada vez que se olha à volta, é parar de respirar quando se atinge a torre mais alta do castelo mais longínquo. É querer parar o tempo para guardar cada momento cá dentro, para sempre. É saber que, mesmo que o tempo parasse, nunca seria suficiente. Sintra é fechar os olhos e sentir a brisa da serra fazer o cabelo esvoaçar, é mantê-los assim e ser capaz de ver príncipes, princesas, nobres e Reis a passear nos enormes jardins dos palácios. Sintra é História, é mistério e doçura. São longos caminhos a pé, são recantos impenetráveis, imagens indescritiveis. É arrepio na espinha, é sentir o coração parar. É perceber que, depois de Sintra, o que há em nós já não cabe no nosso corpo. Sintra é amor à primeira vista, à segunda, à terceira.  É inexplicável, incalculável, indefinível. Sintra é inesquecível.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

Metade

Descobri-o no Facebook. Entre um e outro "gosto". No meio de dois ou três comentários.  É tudo não é só metade e eu vou guarda-lo. Porque não me quero esquecer, Porque é arrepiante. "Porque metade de mim é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei"...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Arquivo

Tenho as mãos geladas. Sujas. Cheias de tinta de jornais. Já não sinto os dedos de tantas páginas que folheei. Podia ter lá ficado toda a noite, podia ter folheado mais mil e um, mais quinhentas mil páginas, podia ter deixado de sentir a mão inteira e mesmo assim podia ter lá ficado toda a noite. A respirar História no cheiro a mofo e a papel antigo, a ver História em cada folha gasta, escurecida pelo tempo, a ler História pelas palavras de quem fez parte dela. Podia ter lá ficado toda a noite. Não ia dar conta, de tão embrenhada naquelas vidas. Passei lá o dia, entre escritas inteligentes e verdades que escapavam por entre os dedos da censura. Conheci melhor pessoas que nunca passaram de nomes na minha cabeça, conheci o passado que não vivi quando ainda era presente. As minhas mãos sujas de tinta de jornais dizem  coisas que nunca ia ser capaz de explicar, que nunca iam perceber. E, neste momento, a única forma de me fazer entender é dizer, simplesmente, que podia ter lá ficado toda a noite!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Gosto do Porto,

do frio cortante que se faz sentir. Do vento que inebria  e deixa os olhos lacrimejantes, dos cachecóis apertados no corpo que mal deixam ver os olhos, já cobertos com os óculos de sol. Gosto do sol de Inverno do Porto. De senti-lo quase quente a embaciar-me a visão. Gosto da senhora que combina as  riscas das calças com a camisola de quadrados. Gosto daquela cujo cabelo não se mexe de tão arranjado, da que desfila de salto alto por Cedofeita como se  o salto e a calçada fossem amigos desde sempre. Gosto do cheiro a castanha fora de época, da senhora que vende guarda-chuvas na estação há anos e que os apregoa da mesma maneira, há anos. Gosto dos sotaques do Porto, do toque francês, inglês, espanhol das conversas de café. Gosto dos placards dos cafés onde se lê, genuinamente, "Á feijoada", porque o mais importante é oferece-la e não a maneira como se oferece. Das conversas sobre os políticos de  Lisboa, que quase sempre se esquecem do Porto. Gosto das luzes na Ponte D. Luís, das miúdas que adoram mini-saias e que as usam, sem vergonha, mesmo com pernas a implorar mais pano. Da senhora já com 80 anos pendurada na janela a estender a roupa que olha para nós, e sem nos conhecer lança um "bom dia menina" que aquece o coração. Da que entra no comboio, muito bem apessoada, de casaco a tocar na bainha da saia e o cheiro a naftalina a esconder-se por detrás do sorriso, da genuinidade do Porto, dos palavrões que saem das bocas dos que já não conseguem controlar a irritação. Gosto do Porto, que acarinha quem gosta e, sem rodeios, diz quando não gosta. Gosto do Porto, do frio cortante que se faz sentir e que me faz gostar, não sei porquê!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dano

De todos os que perdi não lembro metade. Deixaram-se ir, deixei-me fugir. De alguns dos que perdi não sinto saudade. Não os perdi, nunca me tiveram. E em cada fase, em cada espaço temporal, foram-se perdendo mais, fui encontrando melhores. De todos os que perdi não guardo muito. E muitos são hoje nomes que já nem sou capaz de reconhecer. Alguns dos que perdi não quero ver. Não os perdi, expulsei-os, arranquei-os, dissequei-os. Ignoro todos os que perdi. Escondo-me de todos os que achei perder mas que ainda me fazem congelar. 
E depois, de todos os que perdi não perdi nada. Não me deram nada, não levaram nada, não sobrou nada. E, se calhar, nunca cheguei a perder todos os que perdi, nunca cheguei a amar todos os que perdi, nunca me cheguei a importar. E, se calhar, ainda bem que os perdi. Não me perdi a mim.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Mas que PINTA

"Como pedir dinheiro na Invicta em 10 lições

Lição nº1: Saia de casa sem pentear o cabelo
Lição nº2: Use a mesma desculpa de sempre para pedir dinheiro. Não canse a cabeça.
Lição nº3: Vista o mesmo trapinho de todos os dias. Quanto mais sujo melhor.
Lição nº4: Esconda bem os cigarros, não vá um deles cair do bolso antes de convencer alguém ainda mais pobre a dar-lhe a única moeda que tem no bolso.
Lição nº5: Por favor, não diga que saiu ontem da prisão.
Lição nº6: Faça-se de berrante, vulgo choroso.
Lição nº7: Quando quiser pedir 1 euro, nunca diga " empreste-me 1 euro que eu depois levant0"
Lição nº8: Frases como :" Não tenha medo que eu não lhe faço mal" já não colam.Tente outra coisa.
Lição nº9: Se lhe derem uma moeda, aceite. Não peça mais, já vai com sorte.
Lição nº10: Não insulte aqueles que não lhe dão. Hoje não deram, mas amanha e outro dia.

Estudo de Caso pratico:
1
"Boa tarde senhoras e senhores. Sou uma joibe Seropositibe. Quem me pode dar uma moedinhe? Num tenho pai nem mae que me poiça ajudari. Aiche mais bonite pediri do que roubar ou fazer asneires."

2
"Oh jobem...num fuija, eu nao le faço male. Eu tou sempre aqui, toda a gente me conhece. Eu vou ser sincera. Tou a ber que e estudante. Todos os estudantes me tem ajudado munto. Ate bibo numa pensoum cu ajuda que as pessouas me tem dado. Eu bou ser sincera. Num Fuija. Eu queria um Hambrugue, porque tenho muita fome."

3
"Olhe, Faxabori...empreste-me um euru...que eu daqui a bocado bou ali lebanto e dou-le logo. Faxabori"

4
"Oh migo. De-me uma moedinha que eu sai onte da prisoum e preciso de refazer a minha bidah. So uma moedinha"

5
"Quer contribuir pa esta causa?Ajude a ajudar...Ta a botar a moum oh bolsinho e tirar a moedinha"

Conclusoum final:
Tanto tolinho ao pao do senhor!

Mariana e Elsa"

Sexta Feira, 30 de Outubro de 2008 
É estranho ser tão feliz sem nada?
Eu sou!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Like I said...

A really big change.

domingo, 2 de janeiro de 2011

E quando

disse isto estava longe de imaginar que ainda há desejos que se tornam realidade, ainda há resoluções que fazem sentido, ainda há metas que são alcançadas. Quase não conseguia ver tudo de bom que ficou para trás. Não fosse aquele papelinho verde, quase não conseguia ver que aqueles doze desejos, são hoje...REALIDADE. E no fim de contas, 2010 até foi um ano bom.