terça-feira, 29 de maio de 2012

"Eu nem sequer gosto de escrever...

Acontece-me às vezes estar tão desesperado que me refugio no papel como quem se esconde para chorar. E o mais estranho é arrancar da minha angústia palavras de profunda reconciliação com a vida." 
eugénio de andrade

domingo, 27 de maio de 2012

Gostava de poder voltar a sentar-me à mesa do café com uma ou duas pessoas. Gostava de perguntar, genuinamente, pelas novidades entre o sumo de laranja e a torrada. Gostava de saber o que nos levou umas das outras, gostava de perceber o que eu fiz, em que magoei e gostava de dizer que não queria. Que não queria magoar, que não queria que me fugissem, que não queria. Gostava de perceber se ainda somos o que éramos, se ainda as via como antes, se me identificava com o que, depois deste tempo, habita naqueles corpos. Gostava. Gostava de pedir o café e sorrir-lhes enquanto abro o pacote de açúcar. Gostava, nem que fosse uma só vez, mesmo que percebesse que o que nos unia não existe, que não há como voltar atrás, gostava. Gostava que soubessem que tenho saudades.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Difficultatem

Diz-se, por aí, às vezes, que o mais difícil do mundo é pensar, é aceitar novos desafios, conhecermo-nos a nós próprios, escolher o que é mais importante. Diz-se, por aí, outras tantas, que difícil é pagar as contas, manter um trabalho, alimentar uma relação. É verdade, sim, o que dizem por aí. E é difícil não ter onde viver, não ter o que comer. É verdade. E, ao mesmo tempo, todas as dificuldades são difíceis por si só. Sem escalas, sem verdades pré concebidas. São difíceis, sim, mas é a maneira como as encaramos que as torna mais ou menos pesadas. Eu, que não conheço as maiores dificuldades do mundo, que nunca lutei por mim da maneira mais obscura que um ser Humano pode lutar, que não conheço o lado negro do mundo, só posso imaginar como algumas destas coisas seriam. Só me posso colocar num papel inimaginável de dor e falta de esperança, só posso sair da minha pele e, por momentos, sentir-me parte de outra. Eu, que não conheço o lado mais negro do mundo só posso falar do cinzento que consigo ver. É que o mais difícil do mundo é também não conseguir seguir em frente, não conseguir pôr tudo para trás das costas. Às vezes, o mais difícil do mundo é começar de novo, enterrar assuntos que rabiscam a nossa existência há tempo de mais. É perceber que o que achávamos ter um ponto final tem, na verdade, uma virgula mal feita, é perceber que nunca iremos acabar o que deixamos a meio, aprender a viver sem alguém que se confundia com nós mesmos.  Às vezes o mais difícil é isto, outras vezes...não!

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Always

"There is a universal truth we all have to face, whether we want to or not, everything eventually ends. As much as I've looked forward to this day, I've always disliked endings. Last day of summer, the final chapter of a great book, parting ways with a close friend. But endings are inevitable, Leaves fall, you close the book. You say goodbye. Today is one of those days for us. Today we say goodbye to everything that was familiar, everything that was comfortable. We're moving on. But just because we're leaving, and that hurts, there's some people who are so much a part of us, they'll be with us no matter what. They are our solid ground. Our North Star. And the small clear voices in our hearts that will be with us … always."
 C.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Deixo-me estar. Dou-me à fraqueza do cansaço, à facilidade da frustração e à inquietação do nervosismo. Furam-me os silêncios estridentes de lágrimas que já não se querem mudas. Salta-me o coração vazio à velocidade de uma estrela e soluça-me a respiração.  Os degraus tornam-se menos distantes, arruinam-me a máscara  e explodem mil sorrisos sufocantes de quem voou cedo de mais. Ali, entre olhos molhados e sorrisos infindáveis, tudo o resto é silêncio. Une-me o coração com segredos de um abraço, entusiasma-me o perfume do que não volta, abre-me feridas que achava curadas, desarruma-me sentimentos banidos. Ali, na eternidade de alguns minutos, é aquele abraço que levo para a vida e eu deixo-me estar.