quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

hair

Dizem que, para as mulheres, o simples acto de cortar o cabelo pode significar uma reviravolta na vida inteira. Resolvi acreditar nisso, resolvi. E assim, num piscar de olhos, num fechar de tesoura foi-se uma mecha do meu cabelo, um pedaço da minha demência, uma grande dose do meu pessimismo. Assim, enquanto todas as minhas pontas estragadas sujavam o chão, eu ficava mais e mais e mais limpa de maus pensamentos, de frustrações, de mortes, de pesadelos, de problemas. 
Ela varreu os pedaços de cabelo para o caixote. Eu, por enquanto, escondi os meus pedaços maus debaixo do tapete. Não desapareceram, eu sei, estão lá escondidos à espera de um pequeno movimento para sair. Mas EU não quero mais saber. Eu não sou aquilo que me tornei. Eu sou isto. Sou frases inteiras e pensamentos  com sentido. Sou gargalhas e olhos brilhantes. Eu sou isto, sou simpatia a mais, sou alegria, sou vida.

O cabelo volta a crescer, mas os meus pedaços maus nunca vão ser maiores do que EU!

And in 2011, let's...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Desculpe

Senhor Pai Natal. Desculpe menino Jesus. Desculpem-me todas as figuras do presépio, mas hoje ela é a única em quem eu consigo pensar. *

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Para mim, Lisboa é:

- 341 km de distância
-  Benfica
- Estudar com ela no starbucks, a ouvir músicas natalícias  e ver o Rossio e o Castelo de S. Jorge com os olhos dela.
- saborear o melhor strogonoff do mundo, mesmo que seja só na minha cabeça.
- Saber que Lisboa está a afundar e ter a certeza que há um ser que não tem guarda-chuva.
- Assistir às aulas de mestrado e quase conseguir ver os professores dizerem coisas estranhas e alguém levantar o sobrolho.
- Rir à gargalhada com cada peripécia no autocarro e gozar com a ajuda falhada a pessoas em apuros.

- Carnaxide
- Ir a janela da cozinha e olhar para Sintra, com os olhos dela.
- Saber que há quem ache que sou chinesa/ coreana/ japonesa
- Criar uma imagem da D. Cristina na minha cabeça mesmo sem nunca a ter visto.
- Rir-me muito quando quase vou ao Pingo Doce e a menina pergunta se eu quero "ensacar".
- Perceber que não me cheira a Natal porque só consigo pensar que é lá com ela que vou estar e não aqui.

Para mim Lisboa é mais próxima que o Porto, são saudades sem fim, é um sonho que eu já nem sei se consigo realizar.

sábado, 11 de dezembro de 2010

"We spend our whole lives worrying about the future, planning for the future, trying to predict the future, as if figuring it out will cushion the blow. But the future is always changing. The future is the home of our deepest fears and wildest hopes. But one thing is certain when it finally reveals itself. The future is never the way we imagined it."
Grey's Anatomy

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Incongruências

Eu não consigo entender. Se tenho 20 anos, sou muito nova para trabalhar e preferem pessoas com mais experiência. Se tenho 27 começo a ser muito velha para me empregarem mas o topo da carreira é aos 40 anos.
Estudo, tiro uma licenciatura para ter o emprego que gosto e ganhar melhor, mas acabamos todos nas caixas dos hipermercados e a ganhar salários mínimos.
Aprendo línguas, invisto na minha formação mas ninguém vai, um dia, ler o meu currículo. Se tenho cunhas, arranjo um trabalho mas todos acham que não tenho qualidade porque entrei com cunha. Se não tenho cunha até posso ser bom mas fico desempregado. 
Uns ganham 1500 euros por mês, outros passam fome se não tiverem a ajuda dos pais. A minha dúvida é: de que me serve ter um curso superior, fazer as coisas bem, gostar daquilo que faço se não tenho pais ricos, o meu padrinho não é o primeiro ministro e o meu avô não é dono da Sonae?
Eu não consigo. Juro que não consigo entender. Sou só eu ou há aqui qualquer coisa errada?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Hide

O único senão de nos escondermos dos problemas é que mesmo que mais ninguém nos encontre, eles vão sempre esconder-se connosco.



You can run, but you can't hide.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Mecânica

Sempre quis ser mais Mecânica do que Humana. Mais fria. Mais seca. Mais vazia. Sempre quis ser pouco ligada a pessoas. Sempre quis ser menos pessoa. E aí não me desconcentrava. Não me preocupava. Não sentia. E aí não chorava. Não me perdia. Não me deixava levar. E aí não me desiludia. Não sofria. Não chorava. Não me irritava. Não me apaixonava. E aí não pensava. Não me cansava. Não desistia. Não seguia o caminho mais longe para casa, só para estar sozinha. Não perdia a noção dos lugares. Não fazia perguntas sem sentido. Não me importava.Não ouvia. Não falava. E aí não conhecia. Não sorria. Não respirava o ar pesado. Não imaginava. Não me aproximava. Não me despedia. Não desejava. E aí? Não era. Não fazia. Não entendia.

Sempre quis ser mais Mecânica do que Humana, mas de todas as coisas que eu quis esta é a única que nunca serei.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

J.

-Adoro estar aqui na cama, com esta chuva lá fora.
- Não pensas nas pessoas que não têm casa, pois não?

Ela é assim. Muito mais inteligente que eu. Muito mais crescida. Muito mais bonita, muito mais. Vê com mais clareza que eu. Conhece mais coisas que eu. Formula opiniões acerca de assuntos que eu nunca sonhei existir. Ela é assim, muito mais. E só ela parece não perceber que, de nós as duas, a formiguinha sou eu.