quarta-feira, 31 de março de 2010

quinta-feira, 25 de março de 2010

Amor

Esperava por ele no banco de sempre, no jardim de sempre, à hora de sempre. Ele chegava com a flor de sempre e beijava-a. Um beijo sempre diferente, sempre mais apaixonado, mais intenso. Afastava-lhe, delicadamente, os cabelos dos olhos. Acariciava-lhe os lábios, ainda inchados, e ficavam ali. O silêncio confortável, os olhares cúmplices, os sussurros ao ouvido provocavam-lhe o arrepio de sempre. Matavam o tempo, inventavam mil histórias só para estar lá, no banco de sempre, à hora de sempre. Para se amarem como sempre.

Naquele dia ela, como antes, esperou por ele. Quando chegou, não lhe trazia a flor de sempre, não a beijou. Afastou-lhe o cabelo dos olhos enquanto lhe quebrava o coração. Ela, agarrou numa pedra daquele jardim e guardou-a no lugar do coração.

Hoje, não suporta demonstrações de amor, não aguenta os excessos de amor, não acredita no amor. Mas ainda hoje, quando os seus sapatos de mulher bem sucedida passam pelo banco de sempre, no jardim de sempre. Quando vê os olhares cúmplices de quem, agora, mata o tempo para ali estar, sente o arrepio de sempre. Lembra-se de quem vai amar para sempre.

sexta-feira, 19 de março de 2010

κακή διάθεση

Porque é que voltas? Porque é que insistes voltar quando já me exorcizei de Ti. Porque é que me tiras o sono e me inundas em frustração? Porque é que me fazes querer apertar as mãos com força contra os ouvidos para não ouvir os gritos das paredes? Porque é que me esvazias o olhar e me enches demasiado o pensamento? De nada, porque é que o enches de nada? Porque é que me tornas desconfiada? Porque é que me fazes sentir invisível? Porque é que já nada me satisfaz como antes? Porque é que já não me sinto como antes? Porque é que obrigas a minha alma a chorar sufocadamente quando nem consigo expulsar uma lágrima? É esse o problema, não é? O meu corpo devia deixar-se usar pela alma. Devia. Devia deixa-la chorar de verdade. Devia deixa-las lavar-me de Ti. Um dia quando Te perceber vou fechar os olhos, cerrar os punhos e nunca mais vou deixar-Te entrar em mim.



quarta-feira, 17 de março de 2010

"suddenly..

...my life was all about timing. My past, coming back way too fast, and my future taking way too long to come home."

in Sex and the city

domingo, 14 de março de 2010

"O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre."

José Saramago

BE*m mais importante do que Saramago possa imaginar.
BE*m mais!

sábado, 13 de março de 2010

Nunca!

Não pode viver sem ela. Não pode, não quer, não ia conseguir. Não depois de tudo. Não depois de estar sempre lá. Não depois do ampáro, do carinho, do sorriso, dos dias, dos anos, da protecção, das gargalhadas, das histórias. Não pode. Nem tão pouco imaginar. Seria arrancar-lhe o coração do peito a sangue frio. Seria Cortá-lo em mil pedaços e mantê-lo preso ao corpo, assim, sem vida. Não lhe falem em destino, não lhe falem em tempo, muito menos em vida. Não falem. Não vai acontecer, não vai sequer imaginar que possa acontecer. Nunca, Nunca, Nunca.


Tinha medo, tem medo, vai sempre ter e nunca vai admitir. Nunca.
Assunto encerrado.



quinta-feira, 11 de março de 2010



...

domingo, 7 de março de 2010

Expressões

Estava a pouco mais de um metro de distância dela. Olhava o infinito, tentava esconder o cansaço que as quase oito horas de trabalho tinham feito com o meu corpo. Ela conversava com uma menina sobre um qualquer assunto da actualidade ou da própria vida. Não percebi bem, e para ser sincera estava demasiado exausta para querer perceber. Despediram-se. Ao longe ainda a ouvi gritar um "Parabéns pela simpatia". Olhou-me durante apenas dois segundos e escapou-me um sorriso. "A menina também é muito simpática". "Eu?", como poderia ela saber da minha simpatia sem termos trocado uma palavra. "Sim, ri com os olhos."

Nunca a tinha visto, não me lembro da voz e nem tive tempo de lhe perguntar o nome, mas aquela mulher de cabelo grisalho disse-me uma das coisas mais bonitas que já ouvi sem eu ter feito nada para merecer.