sexta-feira, 15 de abril de 2011

Há dez anos tinha 12. Há dez anos caiu a ponte em entre-os-rios. Há dez anos o world trade center sofreu um atentado. Há dez anos brincavas comigo. Há dez anos estavas nos almoços de domingo. Há dez anos era tão nova. Há dez anos eu não percebi. Há dez anos conheci a legionela. Há dez anos foste com ela. Há dez anos era dia de Páscoa. Há dez anos não a passei contigo. Há dez anos dormi fora de casa. Há dez anos não consegui dormir. Há dez anos vi-te ir embora por aquele portão. Há dez anos não chorei em frente a ninguém. Há dez anos não acreditei. Há dez anos que penso como seria se ainda estivesses aqui. Há dez anos que guardo as tuas coisas. Há dez anos que tenho aquele pijama. Há dez anos que olho a tua fotografia. Há dez anos que sinto tantas saudades tuas. Há dez anos que deixaste um vazio. Há dez anos que guardo a tua voz. Há dez anos que me faço de forte. Há dez anos que sou egoísta e sinto que, em 2001, entre-os-rios não foi o mais importante. Há dez anos que sou egoísta e  sinto que, em 2001, houve pior que o ataque ao world trade center. Há dez anos que não percebo. Há dez anos que falo de ti, escrevo sobre ti, sonho contigo. Há dez anos que não acredito. Há dez anos que a voz me falha. Há dez anos que penso nas coisas que não te disse. Há dez anos que aquela não pareces tu. Há dez anos que sinto que foi ontem.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Escrevo aqui mais para mim do que para os outros. Escrevo aqui porque me faz bem, porque digo o que não costumo dizer, porque sou aquilo que quiser ser, porque me dá uma enorme sensação de leveza, porque sim. Mas escrever aqui assusta-me, às vezes, só por alguns segundos. Assusta-me e deixa-me curiosa. Assusta-me que me googlem, que pesquisem o meu nome, especificamente o meu, o dos meus amigos, que pesquisem frases minhas, que venham cá ter porque "Elsa carvalho Trofa" sou eu, porque "Elsa refugio Trofa" sou eu. Assusta-me que saibam de mim e não me deixem saber deles, quem são eles. Por breves momentos assusta-me. Fica a curiosidade depois, a vontade de saber porque é que 10 pessoas de Brooklyn passam aqui vários minutos. Eu não conheço ninguém em Brooklyn, não conheço ninguém em São Paulo, em Madrid, em Milão, em Paris, em Toronto, em Atlanta, em Londres... E pergunto-me como terão vindo cá parar, pergunto-me porque cá ficaram tanto tempo. E imagino como são, o que pensam, como vivem, de quem gostam. E percebo que, mesmo escrevendo mais para mim do que para os outros, são os outros que passam cá mais tempo que eu.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Goal 1

HAVE GOALS

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Coisas que eu me lembro

Portugal é, cada vez mais, um exemplo de que ser bonito não é suficiente para se chegar a algum lado!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Be late

Raramente me atraso. Chego antes da hora, em cima da hora, mas raramente me atraso. Não gosto que esperem por mim, não gosto de chegar tarde, não gosto de me atrasar. Acho indelicado, mas prefiro ser eu a esperar, prefiro ser eu o alvo da indelicadeza. A vida que eu quero está atrasada e eu começo a fartar-me de a esperar. Tento correr atrás dela, marcar novos encontros, a horas diferentes, em dias distantes. Foge-me, atrasa-se e brinca comigo. A culpa é dos sonhos. Esses sim chegam sempre antes da hora. Entram de mansinho e quando dou por mim já caminhamos lado a lado na calçada, todos os dias, sem  marcação prévia. Raramente nos encontramos, os três. Devem andar de costas voltadas ultimamente, é a única razão. Eu é que não gosto dessa razão. Um dia destes vou esbarrar-me com a vida, por acidente, no meio da rua e vou amarra-la ao meu braço. Não vai ser difícil encontrar os sonhos. Fecho os olhos e puff ficam presos a mim, para sempre. Aí, vou leva-los comigo, vou deixar-me levar...E não vai haver espaço para mais atrasos.

Obrigada SOL, não te esqueceste de mim*