domingo, 30 de janeiro de 2011

Gosto do Porto,

do frio cortante que se faz sentir. Do vento que inebria  e deixa os olhos lacrimejantes, dos cachecóis apertados no corpo que mal deixam ver os olhos, já cobertos com os óculos de sol. Gosto do sol de Inverno do Porto. De senti-lo quase quente a embaciar-me a visão. Gosto da senhora que combina as  riscas das calças com a camisola de quadrados. Gosto daquela cujo cabelo não se mexe de tão arranjado, da que desfila de salto alto por Cedofeita como se  o salto e a calçada fossem amigos desde sempre. Gosto do cheiro a castanha fora de época, da senhora que vende guarda-chuvas na estação há anos e que os apregoa da mesma maneira, há anos. Gosto dos sotaques do Porto, do toque francês, inglês, espanhol das conversas de café. Gosto dos placards dos cafés onde se lê, genuinamente, "Á feijoada", porque o mais importante é oferece-la e não a maneira como se oferece. Das conversas sobre os políticos de  Lisboa, que quase sempre se esquecem do Porto. Gosto das luzes na Ponte D. Luís, das miúdas que adoram mini-saias e que as usam, sem vergonha, mesmo com pernas a implorar mais pano. Da senhora já com 80 anos pendurada na janela a estender a roupa que olha para nós, e sem nos conhecer lança um "bom dia menina" que aquece o coração. Da que entra no comboio, muito bem apessoada, de casaco a tocar na bainha da saia e o cheiro a naftalina a esconder-se por detrás do sorriso, da genuinidade do Porto, dos palavrões que saem das bocas dos que já não conseguem controlar a irritação. Gosto do Porto, que acarinha quem gosta e, sem rodeios, diz quando não gosta. Gosto do Porto, do frio cortante que se faz sentir e que me faz gostar, não sei porquê!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dano

De todos os que perdi não lembro metade. Deixaram-se ir, deixei-me fugir. De alguns dos que perdi não sinto saudade. Não os perdi, nunca me tiveram. E em cada fase, em cada espaço temporal, foram-se perdendo mais, fui encontrando melhores. De todos os que perdi não guardo muito. E muitos são hoje nomes que já nem sou capaz de reconhecer. Alguns dos que perdi não quero ver. Não os perdi, expulsei-os, arranquei-os, dissequei-os. Ignoro todos os que perdi. Escondo-me de todos os que achei perder mas que ainda me fazem congelar. 
E depois, de todos os que perdi não perdi nada. Não me deram nada, não levaram nada, não sobrou nada. E, se calhar, nunca cheguei a perder todos os que perdi, nunca cheguei a amar todos os que perdi, nunca me cheguei a importar. E, se calhar, ainda bem que os perdi. Não me perdi a mim.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Mas que PINTA

"Como pedir dinheiro na Invicta em 10 lições

Lição nº1: Saia de casa sem pentear o cabelo
Lição nº2: Use a mesma desculpa de sempre para pedir dinheiro. Não canse a cabeça.
Lição nº3: Vista o mesmo trapinho de todos os dias. Quanto mais sujo melhor.
Lição nº4: Esconda bem os cigarros, não vá um deles cair do bolso antes de convencer alguém ainda mais pobre a dar-lhe a única moeda que tem no bolso.
Lição nº5: Por favor, não diga que saiu ontem da prisão.
Lição nº6: Faça-se de berrante, vulgo choroso.
Lição nº7: Quando quiser pedir 1 euro, nunca diga " empreste-me 1 euro que eu depois levant0"
Lição nº8: Frases como :" Não tenha medo que eu não lhe faço mal" já não colam.Tente outra coisa.
Lição nº9: Se lhe derem uma moeda, aceite. Não peça mais, já vai com sorte.
Lição nº10: Não insulte aqueles que não lhe dão. Hoje não deram, mas amanha e outro dia.

Estudo de Caso pratico:
1
"Boa tarde senhoras e senhores. Sou uma joibe Seropositibe. Quem me pode dar uma moedinhe? Num tenho pai nem mae que me poiça ajudari. Aiche mais bonite pediri do que roubar ou fazer asneires."

2
"Oh jobem...num fuija, eu nao le faço male. Eu tou sempre aqui, toda a gente me conhece. Eu vou ser sincera. Tou a ber que e estudante. Todos os estudantes me tem ajudado munto. Ate bibo numa pensoum cu ajuda que as pessouas me tem dado. Eu bou ser sincera. Num Fuija. Eu queria um Hambrugue, porque tenho muita fome."

3
"Olhe, Faxabori...empreste-me um euru...que eu daqui a bocado bou ali lebanto e dou-le logo. Faxabori"

4
"Oh migo. De-me uma moedinha que eu sai onte da prisoum e preciso de refazer a minha bidah. So uma moedinha"

5
"Quer contribuir pa esta causa?Ajude a ajudar...Ta a botar a moum oh bolsinho e tirar a moedinha"

Conclusoum final:
Tanto tolinho ao pao do senhor!

Mariana e Elsa"

Sexta Feira, 30 de Outubro de 2008 
É estranho ser tão feliz sem nada?
Eu sou!

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Like I said...

A really big change.

domingo, 2 de janeiro de 2011

E quando

disse isto estava longe de imaginar que ainda há desejos que se tornam realidade, ainda há resoluções que fazem sentido, ainda há metas que são alcançadas. Quase não conseguia ver tudo de bom que ficou para trás. Não fosse aquele papelinho verde, quase não conseguia ver que aqueles doze desejos, são hoje...REALIDADE. E no fim de contas, 2010 até foi um ano bom.