quinta-feira, 23 de julho de 2009

Já tenho um bocadinho de Saudades.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Espera

Era a primeira vez que os via naquela sala de espera. Àquela mãe, e aos três filhos. Talvez a culpa seja minha por não gostar muito daquele lugar e só o frequentar quando é realmente necessário. A menina, asiática e muito bonita tinha longos cabelos negros e olhos amendoados. O outro irmão não tinha mais de seis anos. Era loiro e vestia uns calçõezinhos e uma t-shirt iguais aos do mais pequeno. Esse sim, irrequieto. Chorava sem parar. A mãe tentava acalmá-lo, inventava mil e uma formas de o distrair mas que só aumentavam o berro que saia directo da garganta. A irmã, segurava-o no colo, abanava-o, brincava com ele, mas depressa aquele som voltava a encher, a já cheia, sala de espera. O irmão do meio estava sentado numa das cadeiras mais longe da mãe. Muito calado, deliciava-se com o horóscopo que ia vendo na televisão. O mais pequeno continuava a chorar. As pessoas começavam a olhar e a mãe dava os primeiros sinais de desespero. O outro, tirou os olhos da televisão, levantou-se e foi buscar o irmão para o colo.

- Eduardo, se o teu irmão sair daí vou-te bater.
- Logo que não lhe batas a ele...

O menino ficou ali, parado, agarrado aos braços do irmão. Não se ouviu mais uma mosca na sala de espera. E eu, paralisei com a resposta.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Detesto...

Este cheiro, a cor das paredes. Pálidas, doentes. O barulho infernal que faz na correria entre os carros. Detesto estas roupas, estas batas, estas máquinas. A espera, o entra e sai. Detesto não saber. Detesto sorrir e dizer que vai correr tudo bem quando, também eu, queria chorar. Preferia ser eu. Mil vezes eu, porque detesto isto. Detesto!

sábado, 11 de julho de 2009

Bochechas

Nunca percebi bem que magia têm as minhas bochechas. A verdade é que há sempre a alguém a agarrá-las a beliscá-las, a mordiscá-las, sei la... Desde pequena que me acontece. Esmagam-nas até não poderem mais. Apertam-nas com a mão inteira. Prendem-nas entre dois dedos. Não percebo. Devem ter algo impressionante que ainda não consegui descobrir. Ou se calhar não. Só o facto de serem bochechas desperta algum tipo de reacção obsessivo-compulsiva nas pessoas. Não é que me importe. Já me chateou mais, e agora e não é qualquer um que põe as mãos nas minhas bochechinhas. Mas gostava de perceber, um dia gostava de perceber.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

What am I suppose to do?

E se tiveres razão? Se eu não conseguir nada do que quero para mim? E se daqui a dez anos estiver casada e com filhos, mesmo sabendo que nunca sequer pensei em nada disso? E se estiver conformada com a minha vidinha de dona de casa exemplar, de esposa dedicada e mãe preocupada? Se me tiver anulado, se tiver aniquilado a minha vida social e trocado os meus sonhos por um par de meias para coser e uns quantos cozinhados para o maridinho que chega a casa do trabalho? E se tiveres razão? Se tudo isto não passar de um sonho inalcançável? Se eu terminar a fazer o que não gosto, com quem não gosto? Se perder a ambição, a vontade de conseguir algo mais do que uma vida familiar estável e perfeita? Se deixar para trás a minha sede de independência e me render ao que sempre achei ser completamente inadequado para mim? E se tiveres razão? Se o sucesso não bater à minha porta e se eu não conseguir arrombá-la? Se daqui a dez anos for mais uma no meio de tantas pessoas infelizes, sem vida profissional? Se viver para os outros e me esquecer que também tenho vida? E se tiveres razão? What am I suppose to do?