segunda-feira, 21 de junho de 2010

22

Nunca entendi muito bem a magia do dia de aniversário. Afinal, é só mais um dia normal que, por acaso traz atrelado mais um ano para a nossa colecção. Nunca fui muito de festas, de bolos de aniversário, de presentes. O estranho é que conto ansiosamente os dias até à chegada do meu. Olho o relógio e volto a olhar, vezes sem conta, até ver exactamente aquilo que quero: meia noite. 
Viro-me na cama, nervosa e começo a sentir um friozinho na barriga. A luz acende-se, o telemovel vibra e eu dou um salto na cama. Esqueço o nervosismo e mergulho nas palavras dos outros que, naquele momento, as fizeram para mim. Pouso o telemovel e ele volta a tocar e a tocar e a tocar. Vou dormir tarde e não me importo, nao vou acordar tarde, nao naquele dia. Levanto-me cedo, corro a ver se mais alguém se lembrou de mim. Rio, dou gargalhadas efusivas, digo mais disparates que o costume.  Corro a ver as minhas páginas das redes sociais. Acumulam-se frases de parabéns mais ou menos pessoais. Gosto de pensar que se lembraram de mim, assim, lembraram porque em algum momento fui marcante, porque sou eu. Gosto de pensar assim, mesmo sabendo que provavelmente foi so calendário que avisou. Não me importo quantos anos vou somando, não me importo com os presentes que vou recebendo, não me importo com nada. Mas hoje percebo. A magia não está nas velas, nos bolos. Magico é este calor que sentimos cá dentro, esta alegria que quase nos faz explodir, é este sentimento de que somos importantes para alguém, de que pelo menos hoje, toda a gente se lembrou de nós.

E depois das 23 horas, o meu telemóvel ainda não se cansou de tocar*

Obrigada!

sábado, 19 de junho de 2010

My prince,

Sometimes we can't write anything, we can't talk or make a logical speech. Sometimes we just smile, we just kiss, we just hug, or we simply don't do anything. Sometimes we're just busy, walking around, living our lives.

Sorry if I've been distant, but I'm just doing to you, what you always did to me. I'm hurting you.

 Your almost lover,
Sophie

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Gente

O zumbido furava-lhe cada vez mais a cabeça. A dor começava a instalar-se, ao mesmo tempo que ia cerrando os punhos, ainda, pousados sobre a mesa. "O senhor da esquina hoje faltou ao trabalho", "e sabe, a dona Amélia cortou relações com a filha", "a Mariazinha engravidou do namorado". Estava farta. Levantou-se e foi apanhar ar. Mas a vida dela não lhe chegava? Tinha mesmo que falar, comentar, acrescentar e inventar detalhes sobre a dos outros? Recusou-se a ouvi-la reproduzir os pormenores que achava saber sobre quem amava tanto. São pessoas, porque teimava em fazê-las parecer objectos da sua coscuvelhice desmedida? Não tem amigos, não admira. Enervava-a tanto que nem tinha força para descrever. Enervava-a a burrice, a mesquinhice, a falta de inteligência, o excesso de conversa que dava a toda a gente, sem se preocupar se estava a magoar alguém. Não sabia o que dizer, dizia o que não sabia.

domingo, 13 de junho de 2010

Elsa Carvalho dos Santos Gouveia

"Hey, soul sister
I don't wanna miss
A single thing you do"

E às vezes, um euro torna-se na maior fortuna do mundo*