quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Mundo Nosso

Eu, pequenina, irrequieta e traquina acreditava em tudo o que me dizias. Seguia-te de olhos fechados para um abismo, se me pedisses. Dava-te os meus rabiscos. Rabiscos, que na minha cabeça, eram o melhor dos presentes. Escrevia-te cartas quando, com dificuldade, ia aprendendo as primeiras letras. Tu, cuidavas de mim. Passavas tardes inteiras comigo, sem te queixares. Defendias-me do animal feroz que tanto temia. Inventavas mil e uma histórias que me divertiam. Viamos o Natal dos hospitais sentadas na sala. Eu, encolhida no chão olhava para ti enquanto tu, divertida, olhavas os cantores na televisão. Ouviamos as músicas que eu gostava, as que passei a gostar só porque eram as tuas favoritas. Brincavamos com as barbies, iamos para uma ponta do teu jardim fazer porcaria enquanto as nossas mães se mantinham ocupadas na outra ponta. Também tu me davas bolachas, só tinha que ir ao frasquinho do costume, e lá estavam elas. Queria ser como tu, em tudo, menos no cabelo. Gostava do meu. Hoje, eu crescida, sossegada e brincalhona, sorrio quando me lembro de cada momento. Já não vivo aí, já não partilhamos tardes inteiras. Mas acho que consegui ser um bocadinho do que tu és. Do que me ensinaste a ser, do que me fizeste querer ser. E sabes, ainda hoje te seguia de olhos fechados se me pedisses, ainda hoje tens um brilho tão especial que só consigo ver em ti*

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

"Tudo na vida tem o seu tempo, e o seu caminho, e o meu agora é outro: é novo, é desconhecido, é estranho. Mas é o meu, o que eu quero e o que tenho que viver."

Margarida Rebelo Pinto


E quando não consigo encontrar palavras, há sempre quem as encontre por mim.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu pra sempre"

Miguel Sousa Tavares

domingo, 3 de janeiro de 2010

(Re)soluções

Nunca fui muito de resoluções de ano novo. De desejos. De pedidos. Nunca senti necessidade. Acho que foi porque sempre estive segura dos meus dias. De onde os ia passar. Com quem os ia dividir. Este ano é diferente. Foi diferente. Para ser sincera, eu sou diferente e não sei o que me reserva. Uma amiga falou-me numa forma de começar o ano em grande. Pensei nos 12 desejos. Demasiados, confesso. Ao fim do terceiro já não sabia mais o que desejar. Acho que é porque tenho tudo. Bem, talvez TUDO seja, também, demasiado. Mas tenho quase tudo o que preciso para me fazer feliz. Ainda assim, resolvi pedi-los, escreve-los no papel e esconde-los bem no fundinho do bolso. Quero mesmo que seja um ano em grande. Que me sinta realizada, amada, plena, inteiramente feliz. Quero mesmo que seja um início, um novo início. Empurrei tudo para trás das costas e agora sinto-me leve. Agora, o meu único desejo é que os meus desejos deste ano se realizem. Mesmo que daqui a 365 dias já nem me lembre que, um dia, os desejei.