quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Demasiado banais os sorrisos, os sentimentos. O "gosto de ti", o "amo-te" sussurrado ao ouvido tem menos força. Mais usadas, mais gastas as palavras, agora, sem sentido. Menos fortes, menos sôfregos, menos envolventes os beijos. Mais banais. Menos sinceros, mais partilhados. Menos verdadeiros. Mais interesseiros. Mais leve o toque no cabelo. Menos arrepiante. Mais de todos. Menos meu.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Para Carnaxide, Por favor!

Acabamos de deixar a estação do Oriente e iamos encontrar-te. Eu e quem sempre trago comigo para todo lado. Onde quer que vá, pela enésima vez, tenho certeza que vai lá estar. "É do outro lado da cidade", dizia. Eu não me importava. Até podia ser do outro lado do mundo que iamos conseguir chegar, do mesmo modo. As imagens passavam na minha cabeça como um filme. Passavam e passavam e voltavam a passar com mais força. Os dias de praia no Estoril. Os jogos com algas. A falta e o excesso de coragem para mergulhar. As brincadeiras na água. A Val, a Rô, a Cassi. O sol, as manchas, a areia. A "nossa" pulseira. As personalidades que aos poucos iam brotando do nosso interior. Oeiras e o meu encontro com a alforreca gigante. O semi-rápido para Algés e o autódromo do Estoril (que é mesmo, mesmo espectacular). Os segredos e as noites na varanda. O vento e o espanta-espiritos onde sempre batiamos com a cabeça. O dino. O jantar com velas. A noite na esplanada. O Bairro alto, o jelly shot, a tequilla, o vinho do Porto e os jogos engraçados. Ainda sorrio quando lembro daquela "nossa" ruela. Tanta coisa, tanta...
Sozinha, entrei no autocarro para o Marquês. Tentei, tentei com muita força olhar para a frente por saber que ia morrer um pouco ao ver aquele meu pedacinho ficar para trás. Tentei, mas não...

Ela tocou-me no braço. Abri os olhos, olhei pela janela e o comboio seguia a grande velocidade. "Obrigada" disse o revisor enquanto me devolvia o bilhete. "Origem: Lisboa Santa Apolónia. Destino: Porto Campanhã".
Pelo menos não foi só um sonho.