domingo, 29 de junho de 2014

Um ano e quatro meses

A última vez que escrevi aqui foi há, sensivelmente, um ano e quatro meses. Fechei-o uns tempos depois por não me identificar mais com algumas das coisas que aqui construí, por não ser capaz de voltar a escrever da forma que tantas vezes fiz. O refúgio deixou de o ser quando sempre que abria a janela em que agora volto a escrevinhar encontrava um buraco negro que me sugava o sentido das coisas e me deixava a mente completamente vazia. Não digo que o tenha feito para sempre mas a verdade é que ainda não consegui recuperar essa parte de mim.
Um ano e quatro meses foi o tempo que me levou a perceber que o blog mudou. Antes já nem blog era, limitava-se a pairar na internet como um depósito de pensamentos que já não tenho, dos quais já nem entendo o significado. O blog mudou porque eu mudei. Porque Refúgio há muito deixou de ser a definição deste espaço, de mim. Hoje eu sou mais pedaços de várias formas, de muitos tamanhos. Pedaços que mesmo admitindo que podem vir a formar um todo, não tenho certeza que o façam.
Quando percebi que a minha capacidade de agrupar palavras em sentidos se estava a esvair e a deixar o blog definhar, fechei-o. Uns meses depois, na tentativa de recuperar algo em mim que, agora sei, já não existe, criei outro. Esqueci-me, porventura, da minha dificuldade em deixar coisas para trás, de as largar, de as esquecer. Voltei a ler muitos dos textos que aqui fui postando desde 2007. Ri-me, confesso, com alguns, interroguei-me sobre o sentido de outros e fiquei, modéstia à parte, completamente rendida a outros tantos.
O 'eu' que sou hoje já não quer e nem sabe escrever assim, só não consegue deixa-los para trás. O 'eu' que sou hoje é, também, por causa deles e eu não consigo... O blog mudou porque a melhor forma de seguir em frente é perceber que mudamos, aceitar a mudança e aprender a lidar com ela. Isto sou eu a aprender a lidar comigo, a tentar aglutinar pedaços e preencher o puzzle em que me tornei. Não prometo escrever muito já que essa é hoje, ironicamente, uma das minhas maiores dificuldades. Será o que eu sou. Alice é só o meu nome favorito!