sábado, 25 de outubro de 2008

Tinha as mãos sujas de graxa. Por entre um ou outro assobio trauteava aquela musica que me parecia tão familiar. Ao fundo, empilhados em cima de uma mesa, estavam inúmeros sapatos. Sem vida. Sapatos. Ia fazendo pequenos milagres com todos eles, colava, polia e dava-lhes uma nova vida.

Bom dia- disse eu- precisava que me arranjasse estes sapatos, estão muito estragados, mas eu preciso mesmo deles.

O Senhor levantou os olhos e durante uns segundos achei que fosse insultar-me pelo estado em que estavam: - volte cá mais logo, ainda hoje estão prontos- disse ele num tom muito doce.

Voltei. Os meus sapatos velhos e estragados estavam como novos: os buracos estavam tapados, os tacões colados e ate estavam polidos.

Aquelas mãos sujas de graxa tinham dado uma nova alma aos meus sapatos. E sem saber deram-me uma também a mim.

sábado, 18 de outubro de 2008

Não sabes que o meu pai se enganou no meu nome quando era pequenina. Que tinha medo de monstros e não conseguía dormir. Não sabes que adorava brincar com bonequinhas. Que tenho mil historias engraçadas para contar. Não sabes que rio quando estou nervosa. Que choro quando estou sozinha. Que não gosto que me vejam chorar. Não sabes como sou quando estou triste. Não conheces os meus medos. Não sabes do que gosto. De quem gosto. Nunca viste a minha caixinha de segredos. Nunca te mostrei.

Não digas que me conheces. Não voltes a dizê-lo. Nunca!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Para ti, meu canho:
"As partes desse todo
Começam a fazer
Maior sentido agora;
Agora que voei atrás
De um sentido qualquer...

E de repente,
Toda essa gente
Que faz parte do que sou,
Já traz Saudade.

Vou tentar guardar comigo sempre,
Dentro de mim,
O melhor olhar...
O melhor abraço...
O melhor beijo...
A melhor risada...
O melhor sorriso...
Para viver melhor."
Rosely T. Sales

sábado, 4 de outubro de 2008

Gosto de cores. De chinelos. De ar puro. De paz. De descanso. Gosto de calças de ganga. De sentir o vento no cabelo, de o prender quando me canso de o ter nos olhos. Gosto de liberdade. De voltar para casa. Gosto de cafés com os amigos ao pôr do sol. de rir à gargalhada. De não fazer nada. Gosto de óculos de Sol. De saltar. De trocar confidências. Gosto de me sentir perfumada. De brilho nos lábios. De olhos brilhantes. Gosto de chegar a casa e partilhar o meu dia. De pintar as unhas. De receber um ou dois beijinhos de boa noite. Gosto de ler coisas estúpidas, de dizer coisas estúpidas e sentir-me estupidamente feliz.
Sempre gostei de tudo isto, mas só agora percebo o quanto a simplicidade me faz feliz!