quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Tudo parece mais entusiasmante quando ainda não ultrapassamos o patamar do ‘Se’. Ensaiei, por mais vezes do que consigo lembrar, as reações do meu corpo para ‘se um dia conseguisse…”. Era felicidade o que iria sentir, tinha que ser. E ensaiei os gestos que deixariam os outros sem dúvidas da alegria explosiva que não conseguia conter dentro de mim. Pensei no que iria fazer depois, muitas vezes, “se um dia conseguisse”. No dia em que o ‘se’ deu lugar ao ‘quando’, disse a mim mesma que tinha um peso que eu nunca tinha imaginado, já não queria. Ensaiei-me de novo, e decidi que “quando conseguisse…” não ficaria feliz. Decidi que iria ser irrelevante, que não iria ter importância, que já não me afetava. “Quando conseguisse” iria guarda-lo num canto de uma gaveta emperrada da mesa de cabeceira. Não me valeram de muito os anos que passei a ensaiar, a imaginar como seria, é verdade. Olhei, quase hipnotizada, para o pequenino cartão em tons de verde com o meu nome inscrito. Uma, outra e outra vez. Pousei-o na mesa ao meu lado e encarei-o mais um par de vezes. Foi felicidade que eu senti, tenho a certeza, sem gestos nem sorrisos, mas felicidade. Enquanto olhava fixamente para o pequenino cartão percebi que agora era a sério, que tinha o que muitos sonham e que eu também sonhei. Que, por mais que tentasse fugir, continuava a querer ser o que sempre quis!