terça-feira, 11 de novembro de 2014

No mundo dos que não sabem e que dizem o disparate é rei, a piada é rainha e traz debaixo do manto um par de filhos de igual delicadeza. No mundo dos que não sabem e que dizem reina a liberdade que, à noite, muda a forma e pisa o risco esbatido da liberdade dos outros. No mundo dos que não sabem, dizem-se coisas porque sim, porque é um direito. E não se sabe, usa-se a liberdade porque se pode, porque se é dono dela. No mundo dos que não sabem e que dizem não se olha para o lado, não importa a ferida que pisar o risco dos outros deixa. Não importa. O problema do mundo dos que não sabem é que, mesmo assim, dizem!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Procurem-me na multidão!

Procurem-me pela essência singular, pelo espírito desassossegado, pelo sorriso destemido. Procurem-me pela vontade de quebrar barreiras, de fugir sem olhar para trás, de largar. Procurem-me porque sou diferente. Ou não me procurem. Procurem-me ou deixem-me ser levada pela multidão de passos mecanizados, pela segurança da corrente que é tão forte que não sei escapar. Vejo noites caírem-me aos pés enquanto o peso dos meus sapatos se torna mais e mais insuportável. Procurem-me! Os meus olhos já não aguentam separar-se de outros que, de mãos dadas e sorriso rasgado, rompem a multidão na direção oposta. Procurem-me! A multidão já encolheu demais e já não sei caminhar nos meus passos. Procurem-me ou não me procurem. Acabem com esta ilusão de ser diferente quando sou mais um exemplar da mesma serie de tantos outros. Procurem-me! Por não ter uma essência singular, pelo espírito desassossegado que não sabe mais do que se resignar. Procurem-me porque sou igual. Ou não me procurem!