segunda-feira, 16 de novembro de 2009

homens

Deixam-me confusa, às vezes, tenho que confessar. Uns, são os maiores amores do mundo. Dizem coisas que nos arrancam sorrisos, nos fazem sentir o estomago colado às costas, nos deixam as pernas a tremer. Outros, usam as palavras para encobrir pequenos segredinhos, para eles, inofensivos. Os mais perigosos são os que encerram em si um bocadinho dos dois.

Estava sentada num cantinho perto de um café, a tentar esconder-me da chuva. Um homem, sai disparado de telemóvel na mão, e como bom português que era, falou tão alto que eu mesmo que não quisesse era obrigada a ouvir a conversa.

"Tou. Acabei de chegar aqui ao café. Não te preocupes, vou já fazer o jantar". Eu sabia que não era verdade. O tempo que ali esteve dava para montar uma tenda e acampar, mas a pessoa do outro lado da linha também não parecia muito convencida.

"Já disse que já vou. Acabei de chegar. Não te preocupes que já vou fazer o jantar."

Eu já não conseguia esconder o sorriso. A noite encarregava-se de o fazer por mim. Sem se mexer, o homem continuava.

"Pronto. Pronto. Já estou a chegar. Vai pondo uma panela com água ao lume. Descasca batatas. Põe a carne a cozer. Já estou a chegar para comermos"

O meu sorriso foi quase sonoro. Pensei: ainda bem que ia fazer o jantar.
Passaram-se mais 15 minutos sem que o homem realmente saisse. Aopareceu. Cumprimentou a criancinha que estava à porta e foi, finalmente, embora.

Ainda dizem que as mulheres são desconfiadas, complicadas. Somos, não nego, mas se calhar, às vezes até temos razão para isso.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Não consigo dormir. Dou voltas na cama, reviro a almofada. Solto um suspiro de frustração. Tento esvaziar a minha mente. Pintá-la toda de preto. Ou de branco, talvez. Arrancar os pensamentos que vão e voltam numa velocidade desenfreada e sem a minima conecção. É tarde, só quero dormir.

Há muito tempo que não consigo escrever mais do que duas linhas. Não vem. Não acontece. Socorro-me de palavras alheias que, por momentos, preenchem a falta das minhas.
Mas nem sei se as minhas ainda existem, nem sei se ainda as consigo juntar em pequenas frases.

Empurro os cobertores com tanta força que vão pousar no chão. Pára de pensar, resmungo para mim.

Sempre me disseram que ia ter saudades. Sempre achei que fosse ter. Não tive, não tenho. Sempre me disseram que ia doer. Não doeu. (Ainda) não doi. Arranca-me um sorriso de vez em quando. Aguça-me a curiosidade, às vezes. Mas doer...Doer nao doi.

Enrosco-me entre os braços. Encolho-me e puxo a almofada para mais perto. Não devia ter empurrado o cobertor.

Será que vai mudar? Vai, não vai? Vai..tenho que pensar que vai.

Tenho frio agora. Puxo os cobertores novamente. Olho o relógio e aconchego-me mais.

Estou a ficar constipada. Foi do banho de chuva de domingo. E talvez seja de andar descalça pela casa. Eu gosto, sabe bem.

Sinto dificuldade em manter os olhos abertos,agora. Vou finalmente dormir. E amanhã, pode ser que o sol brilhe para mim...