quinta-feira, 25 de março de 2010

Amor

Esperava por ele no banco de sempre, no jardim de sempre, à hora de sempre. Ele chegava com a flor de sempre e beijava-a. Um beijo sempre diferente, sempre mais apaixonado, mais intenso. Afastava-lhe, delicadamente, os cabelos dos olhos. Acariciava-lhe os lábios, ainda inchados, e ficavam ali. O silêncio confortável, os olhares cúmplices, os sussurros ao ouvido provocavam-lhe o arrepio de sempre. Matavam o tempo, inventavam mil histórias só para estar lá, no banco de sempre, à hora de sempre. Para se amarem como sempre.

Naquele dia ela, como antes, esperou por ele. Quando chegou, não lhe trazia a flor de sempre, não a beijou. Afastou-lhe o cabelo dos olhos enquanto lhe quebrava o coração. Ela, agarrou numa pedra daquele jardim e guardou-a no lugar do coração.

Hoje, não suporta demonstrações de amor, não aguenta os excessos de amor, não acredita no amor. Mas ainda hoje, quando os seus sapatos de mulher bem sucedida passam pelo banco de sempre, no jardim de sempre. Quando vê os olhares cúmplices de quem, agora, mata o tempo para ali estar, sente o arrepio de sempre. Lembra-se de quem vai amar para sempre.

4 comentários:

Catarina disse...

Leste-me a alma, como sempre*

Unknown disse...

Em que te inspiras amiga?...
Ler o que escreves faz me tão bem...
Um beijo

UnfinishedSong disse...

Gostei de ler

Adriana disse...

"If I don't believe in love you're to good for me"

:)