Ainda sinto o sabor a maçã e canela quando passo os dedos nos lábios. Ainda sinto o cheiro a mar, a liberdade, a manjerico quando fecho os olhos. Ainda vejo Avenidas enormes a rebentar de gente e luzes a cintilar quando adormeço. Ainda oiço sons, músicas, vozes quando me perco no banho. Ainda sou o que era quando me sabias a maçã e canela. Ainda sou o que era quando me trazias os teus segredos ao olfacto. Ainda sou o que era naqueles momentos, não o que era antes, não os cacos, os pedacinhos, não o que era antes. Ainda sou o que era naqueles momentos em que, aos poucos, sem eu dar conta, me ias colando, reconstruindo, trazendo à vida. E quando, num futuro próximo, os meus pedaços já não aguentarem a ideia de continuar juntos eu vou voltar a correr para o cheiro a mar, para as luzes e a confusão de gente e tu vais mostrar-me, mais uma vez, que não importa a cidade em que estamos, o que nos cola são as pessoas.
Sem comentários:
Enviar um comentário