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Terça-feira, 6 de Maio de 2014
Diz quem sabe que todos os
escritores passam por bloqueios, uma vez ou outra. Que embora sejam fases de
extrema frustração e desalento acabam por dar lugar a uma explosão de ideias e
inspiração que faz valer todo o tempo que o bloqueio roubou. Eu, que não tenho
a pretensão de me achar escritora e que acredito que a única razão que leva
meio mundo a publicar livros é o facto de, eles próprios, lerem muito pouco,
escrevo só. Passo o dia nisso, aliás, mas escritora não sou. E talvez por isso
não me cause estranheza ter um bloqueio que se alastra há mais meses do que
consigo contar. Se fosse escritora, sentar-me-ia numa esplanada numa tarde
solarenga. Um único café na frente e o sol como companhia. Se eu fosse
escritora a inspiração viria, com certeza, com o vento e o bloqueio seria
lavado com as borras do café. Não sou. É pena, tenho pena. Escrever faz-me
falta como do pão para a boca. Não a escrita de todos os dias, a de cá de
dentro, que lava, purifica, desintoxica. E da falta que me faz sobra só um
bloqueio que parece infinito e que não sei desatar. Mas também, que importa
isso? Eu nem sequer quero ser escritora.
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