sexta-feira, 18 de julho de 2014

O que foi de mim neste tempo (Parte IV)
__
Terça-feira, 6 de Maio de 2014

Diz quem sabe que todos os escritores passam por bloqueios, uma vez ou outra. Que embora sejam fases de extrema frustração e desalento acabam por dar lugar a uma explosão de ideias e inspiração que faz valer todo o tempo que o bloqueio roubou. Eu, que não tenho a pretensão de me achar escritora e que acredito que a única razão que leva meio mundo a publicar livros é o facto de, eles próprios, lerem muito pouco, escrevo só. Passo o dia nisso, aliás, mas escritora não sou. E talvez por isso não me cause estranheza ter um bloqueio que se alastra há mais meses do que consigo contar. Se fosse escritora, sentar-me-ia numa esplanada numa tarde solarenga. Um único café na frente e o sol como companhia. Se eu fosse escritora a inspiração viria, com certeza, com o vento e o bloqueio seria lavado com as borras do café. Não sou. É pena, tenho pena. Escrever faz-me falta como do pão para a boca. Não a escrita de todos os dias, a de cá de dentro, que lava, purifica, desintoxica. E da falta que me faz sobra só um bloqueio que parece infinito e que não sei desatar. Mas também, que importa isso? Eu nem sequer quero ser escritora.

Sem comentários: