Há qualquer coisa de sublime no teatro. Nem sempre são as
histórias ou os textos. É a forma como as exclamações têm força, as interrogações
são genuínas. Há qualquer coisa de mágico, também, na forma como as palavras atravessam
a barreira dos lábios e parecem dar outro sentido ao próprio significado. Depois há os gestos, os olhares, os toques, os
sorrisos, as expressões que nos prendem a atenção e só a devolvem quando todas
as luzes se apagam. Há qualquer coisa de brilhante também. Não são só as luzes,
bem escolhidas, que ajudam a definir formas corporais. É a mistura de perfumes,
as cadeiras vermelhas e a sensação de que quase podemos tocar o enredo que
alguém escreveu antes de nós sermos nós. Teatro é tudo isto, 'não sendo ‘exactamente’
nenhuma destas coisas'.
‘Ainda que algum de vocês tenha vindo hoje aqui por acaso,
não faz mal nenhum, é isto o que faz as pessoas – ter a certeza do acaso.’
Almada Negreiros
à A., que me enche de momentos.
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