Desconhecido e irregular, o caminho. Sinto-me como se caminhasse de olhos fechados no escuro, dando passos lentos, trabalhando cada pedacinho de chão com cuidado, uma e outra e outra vez antes de avançar. Descuido-me, deixo-me ir e não consigo controlar. Caio num abismo, desamparada. Tento com todas as forças segurar-me ao enorme muro em que, eu própria, me encerrei. É muito tarde, agora. Os meus dedos escorregam e o muro já não existe. Deixo-me cair. Gosto da sensação não posso negar, e no entanto, é tão dificil admitir. Gosto do arrepio que me provoca, o vento. Gosto do calor com que me aconchega, o sol. E deixo-me cair. Sei que vou acabar por tocar, secamente, o chão. Mas depois, quando aos poucos sentir a dormencia e os sentidos desaparecerem, quando libertar finalmente a minha alma vou olhar para baixo e ter certeza do que me aconteceu. Vida.
1 comentário:
"É muito tarde, agora".
Enviar um comentário