segunda-feira, 24 de maio de 2010

Sempre foi louca por ele. Fazia-lhe surpresas, não conseguia controlar o sorriso quando o avistava ao longe. Corria-lhe para os braços, apertava-o com força e descansava a cabeça no ombro. Ele segurava-a leve, brevemente e deixava-a. Corria a falar com os outros, que a ela, sempre lhe pareceram mais importantes para ele.
Gostava dela, ela sabia que sim. Ele via-a demasiado, tinha-a demasiado e esquecia-se demasiado, trocava-a demasiado.
Não controlou. Começou a afastar-se dele. Já não estava sempre disponível, não dizia que o amava. Embora fosse verdade, esperava sempre que ele tomasse a iniciativa e respondia-lhe com um simples "Eu também".
Ele começou a dizê-lo com mais frequência. Queria vê-la, queria senti-la. Os abraços tornaram-se mais demorados e era ela quem se afastava primeiro. Agora que não a tinha pedia-lhe para não lhe fugir. Era tarde de mais, ela já lhe tinha escapado por entre os dedos sem ele, sequer, ter dado conta.

4 comentários:

Andreia Azevedo disse...

Eu quando comecei a ler este texto pensei logo "vou escrever merda, e vou dizer-lhe 'ah e tal é isto que andas a escrever no trabalho?!"...

Mas depois, li, e deixei de querer escrever asneiras porque é tão isto que escreveste :) e apenas quero dizer o que um dia já pensei "quando nos afastamos não é por gostarmos de menos, mas sim por amarmos demasiado"... porque o gostar não é o estar sempre lá, é muito mais*

Adriana disse...

É o ciclo da vida :)

Catarina disse...

Perdi a conta ao número de vezes que li este texto. Tudo nele mexeu comigo, cada palavra, cada ideia, cada sentido. Tudo nele, fazia sentido. Faz sentido.

Ainda mais me perdi com o comentário da Andreia. Ainda mais sentido. Ainda mais espelho.

Pensar que o escreveste uma hora antes. E foste espelho*
(não percebo como consegues sempre tirar-me as palvras da alma)*

Tânia Santos disse...

não consigo saber se me les a alma, se me les o coração, ou apenas as minhas falsas ideias..