Eu, pequenina, irrequieta e traquina acreditava em tudo o que me dizias. Seguia-te de olhos fechados para um abismo, se me pedisses. Dava-te os meus rabiscos. Rabiscos, que na minha cabeça, eram o melhor dos presentes. Escrevia-te cartas quando, com dificuldade, ia aprendendo as primeiras letras. Tu, cuidavas de mim. Passavas tardes inteiras comigo, sem te queixares. Defendias-me do animal feroz que tanto temia. Inventavas mil e uma histórias que me divertiam. Viamos o Natal dos hospitais sentadas na sala. Eu, encolhida no chão olhava para ti enquanto tu, divertida, olhavas os cantores na televisão. Ouviamos as músicas que eu gostava, as que passei a gostar só porque eram as tuas favoritas. Brincavamos com as barbies, iamos para uma ponta do teu jardim fazer porcaria enquanto as nossas mães se mantinham ocupadas na outra ponta. Também tu me davas bolachas, só tinha que ir ao frasquinho do costume, e lá estavam elas. Queria ser como tu, em tudo, menos no cabelo. Gostava do meu. Hoje, eu crescida, sossegada e brincalhona, sorrio quando me lembro de cada momento. Já não vivo aí, já não partilhamos tardes inteiras. Mas acho que consegui ser um bocadinho do que tu és. Do que me ensinaste a ser, do que me fizeste querer ser. E sabes, ainda hoje te seguia de olhos fechados se me pedisses, ainda hoje tens um brilho tão especial que só consigo ver em ti*
1 comentário:
O melhor presente de sempre! Obrigada.
Tu sim tens um brilho mt mt especial.
Susana
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