Conformismo. Esta é a palavra de ordem da sociedade em que vivemos todos os dias. Um conformismo desmedido, despreocupado, e aceitável para um país que se define como sendo dotado de grande História. Este seria um motivo de grande orgulho para os portugueses, não fosse o facto de a maioria não conhecer nem um terço dessa história. Quando habitantes de outros países conhecem mais de Portugal do que nós próprios. Quando há quem não conheça D. Afonso Henriques e não saiba que Cavaco Silva é o presidente da Republica, algo está realmente mal no país. Provavelmente não seria má ideia recuarmos alguns séculos e voltar à era dos descobrimentos. Talvez assim descobríssemos que rumo dar a este país à beira-mar plantado.
Hoje, onde existiam reis, rainhas, historiadores e cavaleiros temos o governo despreocupado, o vandalismo das claques de futebol, a corrupção e a falta de interesse pela cultura.
Portugal continua a ser mar, paisagens, história e descobrimentos. Mas os portugueses só querem saber de televisão, futebol, telenovelas, comida, televisão… e mais futebol.
Em Portugal, ainda há aqueles para quem ler é uma forma de aprendizagem, de cultura e até de divertimento. Mas para a grande maioria esta é apenas mais uma palavra difícil do dicionário. Tão difícil que nunca sequer praticaram nem tão pouco sabem o significado.
O português não conhece livros, não conhece jornais, não sabe o que se passa no mundo, não fala dos verdadeiros problemas do país. O português só conhece revistas cor-de-rosa, só sabe ver televisão e o máximo que entende a nível internacional é o nome do clube de um jogador de futebol bastante rico e famoso. A avaliar pela quantidade de erros que saem da boca dos portugueses todos os dias, ninguém diria que o português é a terceira língua mais falada no mundo.
Não é uma questão de falta de inteligência. O problema está no espírito derrotista de um povo que já foi dono de um grande império e que agora se contenta com a presença na cauda da Europa.
Não, não se trata de falta de informação, nem tão pouco falta de espírito crítico. Em Portugal, toda a gente fala de tudo, todos têm opinião sobre tudo, e mesmo sem saber do que estão a falar fazem-no com a convicção de que tudo o que dizem é o mais correcto possível.
Português que é português não quer saber o que se passa no mundo, não quer saber como nasceu o país. Português que é português só lê sobre a vida dos outros, só vive a vida dos outros, a vida que queria ter. É mais fácil, é mais cómodo, é mais confortável. É conformismo.
3 comentários:
Como eu te disse ontem... sinto a falta de qualquer coisa aqui no teu blog (a)
Mas pronto, tenho k me conformar também =P
Ò medo põe-te on por favor
"Portugal era o mais atrasado país da Europa, o mais inculto, o mais pobre, o mais triste", in Equador
Ora bem estas doutas palavras sairam do pensamento de Luis Bernardo Valença, um grande pensador para a epoca (inicios do seculo XX, com a monarquia a dar as ultimas no nosso conformado pais).
Nao desconfiaria tanto que o estado das coisas é e sempre foi deploravel, se este pensamento nao tivesse sido criado por um comentador da TVI :)
Mas o homem la se baseou em escritos atingos, outros curiosamente mais modernos, que deixam sempre a pulga atras da orelha... Sera que era este o estado das coisas?
Para quem estudou historia é evidente que esta epoca de declinio da monarquia em Portugal é digna de tal pensamento. Mas estas palavras usadas pelo nosso Valença parecem mesmo saidas dos momentos de comentario do Estado da Naçao proporcionados pela nossa televisao, o que é estranho porque na epoca nao havia televisao :)
Mas havia as conversas de cafe, havia os comentadores. O Valença era um deles e é evidente as semelhanças entre a personagem e o criador da mesma.
Tudo isto para dizer que talvez o conformismo do nosso povo passe muito por engolir todas as palavras que ouvem por parte de jornalistas e comentadores (as vezes nao se ve a diferença) e resignarem-se a elas mesmas, perdendo todo o sentido de critica! É conformismo!
Nao que o que eles digam esteja errado, mas é bebido de tal forma pelo publico que nao deixa margem de manobra para pensar! A nao ser que nos deixemos de coformismos.
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