A medo, abriu a caixa. Estava velha e o barulho da fechadura enferrujada provocou-lhe um arrepio na espinha. Olhou em volta. Não estava ninguém. Era só ela e aquela caixa que sems aber porquê, lhe causava um aperto no estômago.
Abriu-a mais um bocadinho. Ia só espreitar, ninguém ia dar por nada. Não conteve a curiosidade e abriu-a mais e mais e ainda mais. seria um Tesouro?
A caixa estava ali, diante dela, aberta. Convites, desenhos, uma ou outra rosa seca. Diplomas, cartas, bilhetes cúmplices, fotos... Era toda a sua vida.
Andava tão escondida nos problemas, na vida que levava que já nem se lembrava daquela caixa. Continuou a procurar.
Entre peluches, canetas, pedaços de papel antigo, a memória voava. Ia e voltava trazendo um sorriso.
Lá estava ele. O diário de quando era criança. Estava arrombado. lembrou-se de quando teve que o fazer porque se esqueceu do sitio da chave.
Leu e releu cada página, não conteve as gargalhadas: os erros ortográficos, as alegrias, as preocupações... Tudo era tão diferente quando era criança.
Leu a última página do diário. Lembrava-se de a ter escrito, há dois anos. Uma lágrima tentou cair. Resistiu, tentou que fosse embora. Mesmo assim a lágrima desceu, caiu. fechou os olhos. Não gostava de chorar, não gostava que a vissem chorar.
Mas estava ali. Sozinha.
O barulho da caixa a fechar ecoou durante alguns segundos.
Era mesmo um tesouro. O tesouro de toda a sua vida.
2 comentários:
preservar estes pequenos tesouros é preservar a nossa identidade... =)
bonito texto..
(disseste que ninguém viu a tua lágrima... eu vi)
Adorei. *
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