é a desilusão de um "quase".
É o quase que me incomoda, que me entristece, que
me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
quem quase passou ainda estuda,
quem quase morreu está vivo,
quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
nas chances que se perdem por medo,
nas ideias que nunca sairão do papel
por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna;
ou melhor, não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor,
está estampada na distância e frieza dos sorrisos,
na frouxidão dos abraços,
na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir
entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo,
o mar não teria ondas, os dias seriam nublados
e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige, nem acalma,
apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si. (...)
Desconfie do destino e acredite em si.
Gaste mais horas realizando que sonhando,
fazendo que planeando, vivendo que esperando
porque, embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu!!"
Um dia, o meu eu quase foi outro. Quase. E ainda bem.
5 comentários:
É lindo esse texto. Belíssimo* :) adoro-te
"Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz"
Tenho pena que muita coisa por vezes nao passe do "quase"...
bonito texto =)
Adorei *
lindo*
Já conhecia o texto do Veríssimo -um dos meus autores favoritos - mas sabe sempre bem relê-lo e tê-lo fresco na memória.
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