Já ninguém se importa. Esta semana, sempre que abri um jornal, liguei a televisão, sintonizei uma rádio enterrei-me num Portugal em queda livre que, aos poucos, arrasta a comunicação social para um buraco tão fundo que será difícil sair. Abri a minha página de facebook vezes sem conta. Partilhavam fotos de uma redacção da agência Lusa vazia. Partilhavam noticias sobre um Público mais pobre, falavam de uma possível venda da Controlinveste (JN, DN, TSF, O JOGO) aos angolanos,tentavam, a todo o custo, lutar contra uma maré que, de tão forte, já arrastou quase tudo. Antes, já tinham anunciado encerramentos de revistas, já tinham acabado com a (minha) Jornalismo Porto Rádio. Esta semana, a minha página do facebook mostrava-me um mundo negro que eu parecia não encontrar na vida de mais ninguém que não pertencesse à área. Já ninguém se importa. Ninguém quer saber. Quem não pertence ao meio não quer saber. Quem não pertence ao meio diverte-se a contar piadas, partilha imagens parvas, com frases que têm tanto de sentimentalismo da treta como de vazias. Nas edições online dos jornais leio comentários que me dão náuseas e me fazem querer abrir cabeças ocas e colocar alguma coisa lá dentro. Anonimamente (não é sempre assim?) perguntam "para que serve uma agência", dizem concordar com despedimentos, "é bem feito". Questionam a credibilidade de um jornalismo que já deveria ter dado provas mais do que suficientes. Já ninguém se importa. "Os despreparados, incompetentes estão condenados ao fracasso", leio noutro comentário. Já ninguém se importa. Custa-me que ninguém se importe!
"O meu trabalho é com palavras... Tive essa sorte"
Manuel António Pina
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