terça-feira, 24 de julho de 2012

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Sinto o meu cérebro ser oxigenado freneticamente enquanto percorro a estrada vazia. É noite. Lá fora, o que consigo ver não vai além do que a luz dos faróis alcança, o rádio emite sons calmos, quase imperceptíveis, de programas tipicamente nocturnos e, pela janela aberta, entra um ar quente  e irrespirável.

Há qualquer coisa nas noites de verão que fazem a solidão dos poucos quilómetros que me separam de casa ter gosto de liberdade. Têm algo de inexplicavelmente inspirador capaz de remover todo o cansaço que o corpo guardava até aí. O cérebro parece perfeitamente capaz de me levar para os mais variados pensamentos: trabalha rapidamente e faz todos os músculos do meu corpo relaxar... é como se, de repente, sentisse a adrenalina a pulsar em todas as veias do meu corpo e, ao mesmo tempo, ele se distendesse completamente.

O cansaço esconde-se por detrás das minhas pálpebras que se abrem mais do que o normal e o meu cérebro emite fracções de pensamentos desconexos que desaparecem no segundo seguinte. Nos poucos quilómetros que me separam de casa tudo em mim percorre um ritmo alucinante. Eu continuo o caminho devagar, aumento o volume do rádio e a minha única certeza é que, nessa noite, não vou conseguir dormir.

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