quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Não me admira que as histórias contadas em livro sejam melhores do que as contadas em filme. Uma imagem até pode valer mil palavras, mas as palavras valem mais de mil imagens na minha cabeça. Não me admira que haja quem se recuse a ler determinados textos. Ler materializa sentimentos, leva-nos para longe, dá-nos um mundo nosso. Hoje, custa-me ler desabafos dos dias mais felizes da minha vida, que guardo num lugar onde só nós temos acesso. E, mesmo assim, leio. De tempos em tempos engulo em seco, respiro fundo e leio. Não são precisas mais do que três linhas para me sentir lá outra vez, para conseguir ver as mesmas pessoas, para quase sentir o perfume e identificar os cortes de cabelo. Não preciso de muito para me ver como num filme que eu própria escrevi e protagonizei. Para me ver a correr, a sorrir. E quase sinto aquela felicidade outra vez, quase acredito que nada mudou, que ainda me pertence. Depois fica a saudade só, o pensamento de que não devia ter lido. Fica uma angústia que quase dói no peito e pesa nos olhos. E li tudo, tudo, tudo. E não me admira que haja quem se recuse a ler determinados textos. Ler é uma droga que dá um prazer sem limites e acaba por nos deixar loucos. E também não me admira que as histórias contadas em livro sejam melhores do que as contadas em filme, são mais nossas.

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