quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ver

Era cedo. Ia apanhar o comboio, como aliás faço todos os dias. Um barulho estranho chamou a minha atenção e olhei para trás. Um senhor, não muito alto, movimentava, repetidamente, uma vareta que tinha na mão, de um lado para o outro. A vareta encontrou um degrau, o senhor subiu. Mas a vareta só viu os obstáculos do chão, não viu a saliência enorme que saía da parede mesmo à altura da cabeça do senhor. Ele continuou. Ele e a vareta. Ainda oiço o "aiii" que gritou quando embateu na parede. Ainda vejo a expressão naquela cara. Doeu-me mais a mim. Doeu. Não por pena, mas por não o poder ajudar. Por não conseguir fazê-lo ver o mundo como eu vejo. Por saber que não tinha força para vê-lo como ele vê.

1 comentário:

Mariana Albuquerque disse...

Ele vê o mundo com mais clareza do que nós...

Para a próxima vê lá se corres po senhor não andar às turras.. XD

beijinhoo