Tudo parece mais entusiasmante
quando ainda não ultrapassamos o patamar do ‘Se’. Ensaiei, por mais vezes do
que consigo lembrar, as reações do meu corpo para ‘se um dia conseguisse…”.
Era felicidade o que iria sentir, tinha que ser. E ensaiei os gestos que
deixariam os outros sem dúvidas da alegria explosiva que não conseguia conter
dentro de mim. Pensei no que iria fazer depois, muitas vezes, “se um dia
conseguisse”. No dia em que o ‘se’ deu lugar ao ‘quando’, disse a mim mesma que tinha
um peso que eu nunca tinha imaginado, já não queria. Ensaiei-me de novo, e
decidi que “quando conseguisse…” não ficaria feliz. Decidi que iria ser
irrelevante, que não iria ter importância, que já não me afetava. “Quando conseguisse”
iria guarda-lo num canto de uma gaveta emperrada da mesa de cabeceira. Não me
valeram de muito os anos que passei a ensaiar, a imaginar como seria, é verdade.
Olhei, quase hipnotizada, para o pequenino cartão em tons de verde com o meu
nome inscrito. Uma, outra e outra vez. Pousei-o na mesa ao meu lado e encarei-o
mais um par de vezes. Foi felicidade que eu senti, tenho a certeza, sem gestos
nem sorrisos, mas felicidade. Enquanto olhava fixamente para o pequenino cartão
percebi que agora era a sério, que tinha o que muitos sonham e que eu também sonhei. Que, por mais que
tentasse fugir, continuava a querer ser o que sempre quis!
1 comentário:
Assim deverá continuar a ser
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