Vivemos inundados em promessas que nunca iremos cumprir. Sabemos que não, e prometemos sem remorso, sem dor de cabeça, sem peso na consciência. Prometemos visitar a escola antiga quando mudamos para uma nova, prometemos voltar a casa daquele amigo depois de lá termos estado uma vez, aproveitar as férias para ir passar uns dias com o conhecido que vive em outro país, voltar ao antigo local de trabalho para dizer olá. Somos peritos em promessas de circunstância, em convites politicamente correctos, em compromissos para "um dia". Depois dizemos a nós mesmos que os horários na escola nova não nos deixam visitar a antiga, convencemos o nosso amigo de que andamos cheios de coisas para fazer e que não é a melhor altura para ir lá jantar, explicamos ao nosso conhecido que as viagens para fora do país estão muito caras e as finanças não andam boas, contamos aos nossos ex-colegas de trabalho como precisamos dar o máximo neste novo início profissional e que o melhor é adiar a visita. E adiamos. Adiamos para um dia. Um dia. Um dia, quando percebermos que vivemos inundados em desculpas vamos explicar aos outros que só há duas razões para não cumprirmos promessas. Algumas delas não nos dizem nada e, à última hora, acabamos por desistir. Outras dizem demasiado e, à última hora, perdemos a coragem.
1 comentário:
Já não faço promessas, porque sei o quanto dói ficar na expectativa...
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