Detesto textos moralistas, onde é fácil ter opinião contra e
difícil reconhecer quando se é a favor. Detesto textos de pessoas que escolhem
assuntos da actualidade para se fazerem passar por mais eruditos do que são na
realidade. Detesto textos de quem critica, aponta o dedo às coisas sem se
preocupar em arranjar soluções para que funcionem melhor. Ter personalidade
vincada está na moda e detesto textos de quem finge uma personalidade que
não tem. Detesto textos cheios de ‘eu ajudei’, ‘eu dei’, ‘eu fiz’, ‘eu falei’, ‘eu
decidi’. Gosto de textos do ‘eu’, sim, mas daqueles onde o ‘eu’ é acessório e o
importante não é o que ‘eu’ fiz para ajudar, mas quem ‘eu' ajudei. Em que o importante
não é ‘eu’ ter dado, mas a história de quem recebeu. Em que, mais importante do que
aquilo que se parece ser é a genuinidade do que se é. Não gosto do ‘eu’ nas minhas
frases, também. Acho que as torna egoístas e egocêntricas e tento não o usar. Mas
é que, às vezes, por detestar com tanta força esses moralismos baratos, tenho
medo de que também me possam ver assim.
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