"Os meus sapatos estão cansados. Rasgados, alargados, sujos. Sapatos.
Suportam três anos de pesos pesados e outros mais leves. Carregam tons de negro e azul por dentro. Trazem pedaços soltos de solos e lembranças por fora. Os tacões gastos esqueceram já a determinação de contar quantos foram os pisos que galgaram em corridas escuras e esvoaçantes. Perderam a ansiedade de descobrir novos trilhos. Deixam-se ficar, preguiçosos, no único chão que reconhecem como seu e é sob a melancolia do cheiro a terra molhada que lembram o melódico eco do toc-toc pela calçada.
Sapatos. São só sapatos. Mas eu não posso continuar descalça..."
(A minha) Sara Santos Silva
E o que um dia me doeu tanto a ler, podia, agora, ter sido escrito pela minha alma.
Suportam três anos de pesos pesados e outros mais leves. Carregam tons de negro e azul por dentro. Trazem pedaços soltos de solos e lembranças por fora. Os tacões gastos esqueceram já a determinação de contar quantos foram os pisos que galgaram em corridas escuras e esvoaçantes. Perderam a ansiedade de descobrir novos trilhos. Deixam-se ficar, preguiçosos, no único chão que reconhecem como seu e é sob a melancolia do cheiro a terra molhada que lembram o melódico eco do toc-toc pela calçada.
Sapatos. São só sapatos. Mas eu não posso continuar descalça..."
(A minha) Sara Santos Silva
6 comentários:
E custa tanto entender agora cada palavra deste texto *
Nada dura pra sempre, mas podemos eternizar as memorias desse tempo, avançando para o futuro...
Sim :) um dia bonito * e especial... como tudo o que deixamos :)
fica guardado *
Eu não faço parte desse mundo há muito tempo. A mim já me parece uma eternidade. Só que nem a eternidade apaga as lembranças mais intensas.
Até sempre a ti que fazes parte delas e a ti, que mesmo no escuro, vê as emoções dos outros*
chegou a minha vez de doer a ler :')
e só me aprcebi do que estava a acontecer quando ouvi o som dos sapatos a correr rua abaixo.
Guardo-te do lado esquerdo, como a tu*
O que me tranquiliza é que sei que ficas*
Pseudo* (tanto)
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